João 10:1-21 — Interpretação
Nesta alegoria, Jesus continua o diálogo com os fariseus cegos. O sinal da cura do homem nascido cego serve como pano de fundo para o quadro. Não há justificativa para transpor a seção Jo 10.19-29, colocando-a depois de Jo 9.41, como alguns comentaristas recomendam. Os termos da alegoria são completos, entretanto, tomam-se compreensíveis com o desenvolvimento do tema. Jesus usa uma metáfora apropriada, dando-lhes sua interpretação. A forma de ensino que se usa chama-se, no original grego, paroimia (6), e não parabole. É mais alegoria do que parábola. Sem exagerar a distinção, pode-se dizer que paroimia é mais do que provérbio, é tipo de metáfora. O capítulo 9 termina com palavras solenes de advertência aos fariseus. A frase em verdade, em verdade, de Jo 10.1, introduz uma amplificação do discurso anterior, em forma de alegoria.
Os fariseus já se revelaram incompetentes para serem guias espirituais (cfr. vers. 4). O aprisco (1) oriental é cercado de pedras, no qual há uma porta. As ovelhas entram ali ao anoitecer e são vigiadas pelo porteiro que guarda a entrada. O pastor volta pela manhã, e para ele o porteiro abre a porta (3). O ladrão tentaria pular uma parte do muro longe da entrada (1). A maneira de entrar no curral revela quem é o verdadeiro pastor (2). Outrossim, as ovelhas conhecem o pastor, pois lhe reconhecem a voz (5). O genuíno pastor conhece as suas ovelhas, chama-as pelos nomes e as conduz para fora (3). "O caráter indefeso da ovelha contrasta-se com a ação independente do pastor. A liberdade da ovelha depende dessa ação do pastor, é somente por seu intermédio que a ovelha desfruta de liberdade" (Hoskyns). O pastor vai adiante de suas ovelhas para guiá-las, e elas o seguem (4).
Os fariseus não podem entender a mensagem desta alegoria. Não percebem que a sua ação em excomungar o homem outrora cego contrasta com a do pastor que o recebeu cordialmente. A sua incompreensão evidencia auto-satisfação cega. Eles entendem perfeitamente os termos pastorais da alegoria, sem poderem compreender o seu significado (6).
Jesus agora interpreta a alegoria. Identifica-se com a porta das ovelhas (7). No Oriente Médio, o pastor freqüentemente se deitava à porta, tornando-se literalmente "a porta" das ovelhas. Não há nenhuma justificativa para a tradução desta frase, como "eu sou o pastor das ovelhas", segundo os manuscritos existentes.
Jesus é a porta, tanto de entrada como de saída. Por Ele entramos à presença do Pai (Jo 14.6) e por Ele saímos para uma vida de liberdade e serviço. Jesus põe de lado a falsa autoridade dos fariseus que usurpam, injustificavelmente, a posição de liderança espiritual. "Em relação ao curral, Cristo é a porta" (Westcott).
Jesus compara as Suas reivindicações de ser a porta, com as dos falsos pastores: todos quantos vieram antes de mim, são ladrões e salteadores (8). Esta se refere provavelmente aos lobos contra os quais o verdadeiro pastor mantinha sempre uma luta constante. Os lobos da alegoria representam toda a hierarquia religiosa que ofusca o ensino de Deus, colocando as tradições humanas no lugar dos mandamentos divinos. As ovelhas reconhecem os impostores, os lobos disfarçados em ovelhas, e não são enganados. Só Jesus é a porta das ovelhas (9). Só Ele pode mediar entre Deus e o homem para a salvação. "Não aos fariseus, mas a Jesus só, compete a admissão ou a rejeição no aprisco de Deus" (Expositor’s Greek Testament). Entrará e sairá e achará pasto (9). Esta linguagem pitoresca expressa completa liberdade de ação, junto com satisfação e segurança. Cfr. Nm 27.15-21.
Jesus agora compara o objetivo dos ladrões com o Seu. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir (10). Ele quer explorar os outros. Torna-se patente, no fim, que os seus objetivos são prejudiciais. Cristo veio para que tivessem vida e a tivessem em abundância (10).
A frase relembra a superabundância da graça divina. O propósito de Cristo é de lhes proporcionar em abundância tudo o que enriquece a vida. Cfr. Sl 23.1. Jesus se descreve agora como o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas. A morte de Jesus é voluntária. Ele dá, ou entrega, a sua vida. "A metáfora salienta o aspecto do risco na presença de perigo, mais do que a perda de vida" (Brooks). Entretanto, o sacrifício da sua vida é também contido na expressão, bom pastor; "bom" pode significar belo, nobre, competente. A metáfora estende a sua aplicação da porta para o pastor, dos falsos mestres, como ladrões, para o mercenário. Esta transição de pensamento é natural à mente hebraica. O mercenário, que pastoreia as ovelhas para fins lucrativos, as abandona na hora de perigo (12). Não tem genuína solicitude para com as ovelhas, pois não são dele (13). Desta maneira o rebanho se torna vítima dos lobos. O bom pastor conhece as suas ovelhas; este conhecimento é recíproco e o leva a dar a sua vida por elas (15). O estreito conhecimento entre o pastor e as ovelhas corresponde ao que existe entre o Pai e o Filho. Ainda tenho outras ovelhas (16). Estas outras são os gentios que compartilharão os benefícios do Seu sacrifício. Haverá um rebanho e um pastor (16). Os apriscos podem ser muitos. Há, porém, somente um rebanho.
O Filho tem autoridade, não somente para dar a sua vida, mas também para reassumi-la (17). A Sua morte não foi uma tragédia devida a circunstâncias que Ele não pôde controlar. Foi voluntária a ação em dar a Sua vida. Mais ainda, Ele pode reassumila na ressurreição. Embora Sua ação provenha do Seu livre arbítrio, Sua morte foi divinamente determinada, pois tal morte é a condição necessária imposta pelo amor do Pai (17). Jesus recebeu uma comissão do Pai, portanto, depende dEle para cumpri-la (cfr. Jo 5.30). A idéia de reassumir a Sua vida concorda com o ensino de outros passos que atribuem a ressurreição do Filho à operação do Pai. Este discurso divide mais ainda os judeus (19). Alguns afirmam que está louco; enquanto outros acham que a Sua linguagem não é de um lunático. Mas outros lembram o prodígio da cura e dizem: pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos? (21).
Os fariseus já se revelaram incompetentes para serem guias espirituais (cfr. vers. 4). O aprisco (1) oriental é cercado de pedras, no qual há uma porta. As ovelhas entram ali ao anoitecer e são vigiadas pelo porteiro que guarda a entrada. O pastor volta pela manhã, e para ele o porteiro abre a porta (3). O ladrão tentaria pular uma parte do muro longe da entrada (1). A maneira de entrar no curral revela quem é o verdadeiro pastor (2). Outrossim, as ovelhas conhecem o pastor, pois lhe reconhecem a voz (5). O genuíno pastor conhece as suas ovelhas, chama-as pelos nomes e as conduz para fora (3). "O caráter indefeso da ovelha contrasta-se com a ação independente do pastor. A liberdade da ovelha depende dessa ação do pastor, é somente por seu intermédio que a ovelha desfruta de liberdade" (Hoskyns). O pastor vai adiante de suas ovelhas para guiá-las, e elas o seguem (4).
Os fariseus não podem entender a mensagem desta alegoria. Não percebem que a sua ação em excomungar o homem outrora cego contrasta com a do pastor que o recebeu cordialmente. A sua incompreensão evidencia auto-satisfação cega. Eles entendem perfeitamente os termos pastorais da alegoria, sem poderem compreender o seu significado (6).
Jesus agora interpreta a alegoria. Identifica-se com a porta das ovelhas (7). No Oriente Médio, o pastor freqüentemente se deitava à porta, tornando-se literalmente "a porta" das ovelhas. Não há nenhuma justificativa para a tradução desta frase, como "eu sou o pastor das ovelhas", segundo os manuscritos existentes.
Jesus é a porta, tanto de entrada como de saída. Por Ele entramos à presença do Pai (Jo 14.6) e por Ele saímos para uma vida de liberdade e serviço. Jesus põe de lado a falsa autoridade dos fariseus que usurpam, injustificavelmente, a posição de liderança espiritual. "Em relação ao curral, Cristo é a porta" (Westcott).
Jesus compara as Suas reivindicações de ser a porta, com as dos falsos pastores: todos quantos vieram antes de mim, são ladrões e salteadores (8). Esta se refere provavelmente aos lobos contra os quais o verdadeiro pastor mantinha sempre uma luta constante. Os lobos da alegoria representam toda a hierarquia religiosa que ofusca o ensino de Deus, colocando as tradições humanas no lugar dos mandamentos divinos. As ovelhas reconhecem os impostores, os lobos disfarçados em ovelhas, e não são enganados. Só Jesus é a porta das ovelhas (9). Só Ele pode mediar entre Deus e o homem para a salvação. "Não aos fariseus, mas a Jesus só, compete a admissão ou a rejeição no aprisco de Deus" (Expositor’s Greek Testament). Entrará e sairá e achará pasto (9). Esta linguagem pitoresca expressa completa liberdade de ação, junto com satisfação e segurança. Cfr. Nm 27.15-21.
Jesus agora compara o objetivo dos ladrões com o Seu. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir (10). Ele quer explorar os outros. Torna-se patente, no fim, que os seus objetivos são prejudiciais. Cristo veio para que tivessem vida e a tivessem em abundância (10).
A frase relembra a superabundância da graça divina. O propósito de Cristo é de lhes proporcionar em abundância tudo o que enriquece a vida. Cfr. Sl 23.1. Jesus se descreve agora como o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas. A morte de Jesus é voluntária. Ele dá, ou entrega, a sua vida. "A metáfora salienta o aspecto do risco na presença de perigo, mais do que a perda de vida" (Brooks). Entretanto, o sacrifício da sua vida é também contido na expressão, bom pastor; "bom" pode significar belo, nobre, competente. A metáfora estende a sua aplicação da porta para o pastor, dos falsos mestres, como ladrões, para o mercenário. Esta transição de pensamento é natural à mente hebraica. O mercenário, que pastoreia as ovelhas para fins lucrativos, as abandona na hora de perigo (12). Não tem genuína solicitude para com as ovelhas, pois não são dele (13). Desta maneira o rebanho se torna vítima dos lobos. O bom pastor conhece as suas ovelhas; este conhecimento é recíproco e o leva a dar a sua vida por elas (15). O estreito conhecimento entre o pastor e as ovelhas corresponde ao que existe entre o Pai e o Filho. Ainda tenho outras ovelhas (16). Estas outras são os gentios que compartilharão os benefícios do Seu sacrifício. Haverá um rebanho e um pastor (16). Os apriscos podem ser muitos. Há, porém, somente um rebanho.
O Filho tem autoridade, não somente para dar a sua vida, mas também para reassumi-la (17). A Sua morte não foi uma tragédia devida a circunstâncias que Ele não pôde controlar. Foi voluntária a ação em dar a Sua vida. Mais ainda, Ele pode reassumila na ressurreição. Embora Sua ação provenha do Seu livre arbítrio, Sua morte foi divinamente determinada, pois tal morte é a condição necessária imposta pelo amor do Pai (17). Jesus recebeu uma comissão do Pai, portanto, depende dEle para cumpri-la (cfr. Jo 5.30). A idéia de reassumir a Sua vida concorda com o ensino de outros passos que atribuem a ressurreição do Filho à operação do Pai. Este discurso divide mais ainda os judeus (19). Alguns afirmam que está louco; enquanto outros acham que a Sua linguagem não é de um lunático. Mas outros lembram o prodígio da cura e dizem: pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos? (21).