O Paralítico do Tanque de Betesda
O Paralítico do Tanque de Betesda (João 5:1-47)
I. O milagre: a salvação é pela graça (5:1-16)
Esse sinal completa a série de três milagres que mostram como a pessoa é salva. O primeiro (transformação e água em vinho) mostra que a salvação se dá por intermédio da Palavra de Deus. O segundo (a cura do filho do oficial) demonstra que a salvação acontece pela fé. O terceiro milagre mostra que a salvação é pela graça. Esse homem estava em um estado lastimável. Ele ficou doente por 38 anos por causa de seu pecado passado (veja v. 14). Ele estava rodeado de pessoas afligidas por diversos males, e todas elas ilustram a triste condição dos não-salvos: enfermos (fracos — Rm 5:6), cegos, coxos (incapazes de andar direito — Ef 2:1-3), paralíticos, e todos ali esperavam que alguma coisa acontecesse (sem esperança — Ef 2:12). Eles se curariam se entrassem na água quando o anjo a agitava, no entanto faltava-lhes força para conseguir fazer isso!
Acontece o mesmo com o pecador de hoje: se ele guarda a lei perfeita de Deus, é salvo, mas ele não consegue fazer isso. No entanto, veja a graça de Deus em ação. "Betesda" (v. 2) significa "casa de graça", e para esse homem esse local tornou-se o lugar da graça. O que "graça" significa? Significa bondade para quem não a merece. Jesus viu um monte de doentes, todavia escolheu curar apenas um homem! Esse homem não merecia mais que os outros, mas Deus escolheu-o. Essa é uma bela imagem da salvação e de como devemos nos sentir humildes ao saber que somos escolhidos "nele", pois isso não ocorre por nossos méritos, mas pela graça dele (Ef 1:4). Em 5:21, Cristo diz algo que se aplica aqui: ele vivifica (dá vida) "aqueles a quem quer". Não podemos explicar a graça de Deus (Rm 9:14-16), mas ninguém seria salvo se não fosse pela graça dele (Rm 11:32-36).
Observe outros pontos: havia cinco pavilhões, e, na Bíblia, cinco é o número da graça; o tanque ficava perto da Porta das Ovelhas, o que fala de sacrifício. O Cordeiro de Deus teve de morrer a fim de que a graça do Senhor pudesse ser derramada sobre os pecadores. Cristo curou-o no sábado, o que comprova que a Lei não tem relação com a cura. Não somos salvos por guardar a Lei. Ele salvou o homem, demonstrando que a salvação está em Cristo. O homem queixou-se: "Não tenho ninguém" (v. 7), no entanto havia dúzias de homens lá para ajudá-lo, mas não podiam fazer o que Jesus fez. O pecador perdido não precisa de ajuda, mas de cura.
O homem foi ao templo, provavelmente, para adorar (At 3:1-8), e testemunhou publicamente a cura de Cristo (v. 15). Não há evidência de que esse homem creu em Cristo para a salvação. A ira e a oposição dos líderes religiosos iniciaram-se quando Jesus curou no sábado. Esse conflito piorou e, por fim, levou à crucificação de Cristo.
II. A mensagem: Cristo é igual a Deus (5:17-47)
A. A tripla igualdade de Cristo com o Pai (vv. 17-23)
Os judeus perseguiram Cristo por este não cumprir a Lei, pois curar um homem no sábado era contra a tradição judaica. Na primeira parte de sua mensagem, ele mostrou-lhes que era igual ao Pai de três formas: (1) Em obras (vv. 17-21). Em Gênesis 3, o sábado de descanso do Pai foi quebrado pelo pecado de Adão e Eva. Desde essa época, Deus trabalha na busca e na salvação do perdido. Cristo afirma que o Pai o capacita para fazer o que faz e revela que o conhece pessoalmente. Suas obras (milagres) vêm do Pai, até mesmo a de ressuscitar os mortos. (2) Em julgamento (v. 22).
Deus confiou todo julgamento ao Filho. Isso torna o Filho igual ao Pai, pois apenas Deus pode julgar um homem pelos seus pecados. Veja também o versículo 27. (3) Em honra (v. 23). Nenhum mortal ousaria pedir que o adorem da forma que apenas Deus merece. A pessoa que afirma adorar a Deus, mas ignora a Cristo, é impostora.
B. A tripla ressurreição (vv. 24-29)
(1) A ressurreição do pecador morto hoje (vv. 24-27). Essa é uma ressurreição espiritual (veja Ef 2:1-3) e acontece quando o pecador ouve a Palavra e crê. O homem que Cristo curou era realmente um morto-vivo. Ele recebeu vida nova em seu corpo quando ouviu a Palavra e creu. Cristo tem vida em si mesmo, pois ele é "a vida" (14:6) e, por isso, pode dar vida aos outros.
(2) A ressurreição da vida (vv. 28-29a). Essa é a ressurreição futura do crente descrita em 1 Tessalonicenses 4:13-1 8 e 1 Coríntios 15:51-58. A Bíblia não ensina uma "ressurreição geral", como também não ensina um "julgamento geral". Essa "ressurreição da vida" é a "primeira ressurreição" de Apocalipse 20:4-6.
(3) A ressurreição da condenação (v. 29b). Ela acontece pouco antes de Deus fazer o novo céu e a nova terra. Apocalipse 20:11-15 descreve essa ressurreição. Todos os que rejeitarem a Cristo serão julgados para verem qual o grau de punição que receberão no inferno, e não se irão para o céu. Chama-se o inferno de "a segunda morte", a separação de Deus. Nenhum cristão jamais ficará diante do trono branco de julgamento (Jo 5:24).
C. O triplo testemunho da divindade de Cristo (vv. 30-47)
(1) João Batista (vv. 30-35). As pessoas ouviram João Batista e até se regozijaram com seu ministério, mas o rejeitaram e à sua mensagem. Veja como João apontou Cristo para as pessoas em 1:15-34 e 3:27-36.
(2) As obras de Cristo (v. 36). Até Nicodemos admitiu que os milagres de Cristo provavam que ele vinha de Deus (3:2).
(3) O Pai na Palavra (vv. 37-47). As Escrituras do Antigo Testamento são o testemunho do Pai a respeito de seu Filho. Os judeus estudavam as Escrituras, pois pensavam que isso os salvaria. Eles, porém, liam a Palavra com olhos espiritualmente cegos. Moisés escreveu a respeito de Cristo e os acusou no julgamento. Eles rejeitaram a Palavra (v. 38), não vieram a ele (v. 40), não amaram a Deus (v. 42), não o receberam (v. 43), buscaram a glória dos homens, não a que vem de Deus (v. 44), e não escutaram sua Palavra (v. 47). Não é de espantar que não conseguissem crer e ser salvos!