Parábolas do Evangelho de João

Parábolas do Evangelho de João


Parábolas do Evangelho de JoãoA palavra grega para “parábola” empregada no Evangelho João não é parabolé, mas paroimía que, como mencionado acima é uma tradução alternativa da LXX do Heb. mashal. Em três de suas ocorrências joaninas a palavra se refere a declarações enigmáticas em João 16.25. Jesus concluiu seu discurso aos discípulos na véspera da Páscoa com as palavras, “Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras [en paroimíais]; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações [enparoimíais], mas vos falarei claramente a respeito do Pai”. Se a palavra “figuras” deve ser compreendida como parábolas no sentido comum, pode se pensar na curta parábola da mulher em trabalho de parto no v. 21, ou na parábola mais longa da videira e dos ramos no cap. 15. O contexto sugere que “figuras” não são tão inteligíveis como a linguagem não figurativa, pois depois de uma declaração curta (16.26-28) sobre as implicações da partida iminente de Jesus para os discípulos, eles disseram, como se iluminados, “Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura (paroimía)” (v. 29). Talvez a sugestão seja que todo o ensino de Jesus, seja qual embora expresso, permanece enigmático aos seus ouvintes até que o Espírito venha para tomar claro seu significado (14.26).

O único outro lugar em João onde paroimía aparece está em João 10.6 (RSV “figura”; ARA e ARC “parábola”; NVI “comparação”), com referência à parábola da ovelha e o aprisco. J. A. T. Robinson aplica a esta parábola o método da crítica da forma que J. Jeremias utiliza para as parábolas sinópticas, e distingue as características autênticas da verdadeira forma parabólica nos versículos 1-5 (“The Parable of the Shepard”, em Twelve New Testament Studies, 67-75). C. H. Dodd chama atenção para as formas parabólicas em outros lugares neste evangelho, citando (além daquela já mencionada) o grão de trigo (Jo 12.24), o viajante surpreendido pela noite (11.9s.), o escravo e o filho (8.35), o noivo e o amigo do noivo (3.29); ele encontra nelas evidências para uma tradição primitiva que está por trás dos registros tanto de João como dos sinóticos (Historical Tradition in the Fourth Gospel [1963], 366ss.).