Nele estava a vida... (João 1:4a)

Nele estava a vida... (João 1:4a)
Nele estava a vida... (João 1:4a)

1:4. Nele estava a vida. O texto não diz: por meio dele, mas nele, assim com o em 5.26; 6.48, 53; 11.25. A cláusula “A vida estava nele” significa que, desde toda a eternidade, e ao longo de toda a antiga dispensação, a vida residiu na Palavra. Portanto, a melhor tradução é “estava", em vez de “está”. Porém, qual é o sentido do termo “vida” , como usado aqui? Será que ele se refere diretamente a qualquer tipo de vida, quer física quer espiritual - tanto a vida de um a borboleta, quanto a de um arcanjo? No entanto, vida física não reside na segunda pessoa da Trindade. Deus não é físico, em nenhum sentido (cf. 4.24). Além do mais, é um a boa regra de exegese explicar um texto depois de tê-lo lido várias vezes. Quando essa regra é aplicada a esse caso, o resultado é o seguinte: A vida é caracterizada como sendo a luz dos homens (1.4b). Essa luz brilha nas trevas, e não pode ser apropriada pelos seres humanos pecaminosos (1.5). João Batista dá testem unho a respeito dessa luz (vs. 6, 7). Ele não era a luz original e perfeita, cujo brilho ofusca todas as outras luzes, mas ele veio para testificar da luz (vs. 8, 9). Essa luz é agora identificada com aquele que é rejeitado pelo mundo, mas aceito pelos filhos de Deus (vs. 10-13).

Fica claro, à luz deste contexto, que os term os vida e luz pertencem à esfera espiritual. Além do mais, tanto no Quarto Evangelho, quanto na Primeira Epístola, a palavra vida sempre (por 54 vezes) se m ove nessa esfera. Às vezes, ela é substituída pela expressão “vida eterna” (5.24). Quando um a pessoa possui esta vida, ela sente um a estreita com unhão com Deus em Cristo (17.3). No livro do Apocalipse, o sentido é semelhante (livro da vida, água da vida, árvore da vida, coroa da vida). O que parece evidente, à luz de tudo isso, é que, basicamente, o termo se refere à plenitude da essência de Deus, ou seja, seus atributos gloriosos: santidade, verdade (conhecimento, sabedoria, veracidade), amor, onipotência, soberania. É dito que essa vida divina, plena e abençoada, sem pre esteve presente na Palavra, por toda a eternidade, e durante toda a antiga dispensação: “N ele estava a vida”.

Mas embora essa vida, como tal, seja completamente espiritual, sem ter nada nela que pertença à natureza física, ela é a causa, a fonte ou o princípio de toda vida, tanto física quanto espiritual. O universo deve sua existência a ela: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que existe se fez” (v. 3); conseqüentemente, isso também se aplica à hum anidade (v. 10). É verdade que essa luz é também a fonte da revelação geral. No entanto, o contexto presente não faz um a menção específica a essa ideia. Ela está implícita, mas não expressa. Aqui no contexto presente (o prólogo de João), a vida de Deus em Cristo, à qual todas as coisas e todos os homens devem sua existência (criação e preservação), é apresentada como a fonte da iluminação dos seres humanos, com respeito aos assuntos espirituais, e da salvação eterna dos filhos de Deus. O que tem os aqui é um contexto do Evangelho. Portanto, lemos: