Jesus, a Luz do Mundo (João 8:12-20)

Jesus, a Luz do Mundo (João 8:12-20) 

A segunda grande declaração "Eu Sou" por certo se encaixa no contexto dos onze versículos de João 8. Talvez o Sol estivesse surgindo no horizonte (8:2), de modo que Jesus comparou-se com o Sol nascente. No entanto, isso significaria que, mais uma vez, afirmava ser Deus, pois para o povo de Israel, o Sol era um símbolo do Deus Jeová (Sl 84:11; Ml 4:2). Nosso sistema possui somente um Sol, o centro e a fonte de toda a sua vida (1:4). "Deus é luz" (1 Jo 1:5), e onde quer que a luz brilhe, revela a perversidade humana (Ef 5:8-14).

A declaração "Eu Sou" de Jesus também se relacionava à Festa dos Tabernáculos, durante a qual os candelabros enormes do templo eram acesos para lembrar o povo da coluna de fogo que havia guiado Israel no deserto. Na verdade, João combina três "imagens do deserto": o maná (Jo 6), a água da rocha (Jo 7) e a coluna de fogo (Jo 8). "Seguir" ao Senhor Jesus significa crer e confiar nele, uma fé que redunda em vida e luz para o cristão. Os que não creem andam em trevas, pois amam as trevas (3:17ss). Uma das mensagens mais importantes do Evangelho de João é que a luz espiritual brilha, mas as pessoas não são capazes de compreendê-Ia e tentam apagá-la (1:4, 5).

Depois que a mulher partiu, tudo indica que outro grupo de líderes judeus apareceu e, como de costume, discutiu com Jesus. Dessa vez, acusaram-no de dar testemunho de si mesmo, afirmando ser a Luz do mundo, sendo que os tribunais de Israel não permitiam que se testemunhasse de si mesmo. Mas a luz precisa testemunhar de si mesma! Os únicos que não conseguem vê-Ia são os cegos.

Lembro-me da primeira vez em que fiz um voo durante a noite. Fiquei encantado com a mudança das luzes coloridas da cidade lá embaixo. Quando o avião deixou a região de Nova Iorque e rumou noite adentro, observei com surpresa que era possível ver pontos de luz a vários quilômetros de distância. Então, entendi a necessidade dos blecautes durante a guerra; os inimigos seriam capazes de enxergar até a luz mais tênue e, desse modo, encontrar seu alvo. A luz dá testemunho de si mesma e revela que está presente.

Talvez os fariseus estivessem citando as palavras do próprio Jesus (ver [o 5:31] ss); mas, mais que depressa, o Senhor refutou aquela argumentação. Uma das palavras-chave dessa seção é testemunho. Jesus deixou claro que o testemunho deles não era confiável, pois seu discernimento era falho. Seu julgamento tinha base em coisas externas e era apenas humano; mas o julgamento dele tinha base em conhecimento espiritual. A maneira de julgarem a mulher pega em adultério comprovou que não entendiam nem a Lei e nem o próprio coração pecaminoso.

Uma vez que desejavam usar a Lei para condenar a mulher e pegar Jesus numa armadilha, Jesus também usou a Lei para lhes responder. Citou um princípio encontrado em Deuteronômio 17:6 e 19:15, e também em Números 35:30, segundo o qual era preciso que dois homens dessem testemunho para validar um julgamento. Jesus tinha essas duas testemunhas: ele próprio deu testemunho e também seu Pai. Vemos em João 5:37-47 que o testemunho do Pai encontra-se na Palavra de Deus.

Que tristeza esses grandes estudiosos da Lei não serem capazes de reconhecer o Messias que se encontrava bem diante deles! Diziam conhecer a Lei de Deus, mas não conheciam o Deus da Lei. A Palavra não habitava no coração deles (Jo 5:38) nem haviam experimentado seu amor (Jo 5:42). Não conheciam o Pai e, portanto, não sabiam quem era o Filho.

Na verdade, Jesus nunca chegou a responder à sua pergunta: "Onde está teu Pai?" O termo pai é usado treze vezes neste capítulo, indicando que, em vez de evitar a questão, Jesus tratou-a com honestidade. Sabia que o "pai" deles não era Deus, mas sim o diabo! Apesar de muito religiosos, esses homens eram filhos do diabo! A outra tentativa de prender Jesus foi frustrada pelo Pai, pois ainda não era chegada a hora de Cristo entregar sua vida. Quando o servo de Deus está dentro da vontade divina, tem coragem e paz ao realizar sua obra.