Explicação de João 8:31-47

Explicação de João 8:31-47
Explicação de João 8:31-47

João 8

8.31,32 Para aqueles que creram, Jesus disse: “ Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” . Como os versículos seguintes demonstram, alguns destes novos crentes náo permaneceram como seus seguidores por muito tempo. Mas, Jesus rogou àqueles que realmente queriam permanecer como seus discípulos, que ficassem firmes ou, que perseverassem em seus ensinos. O relato de João da falha de um grupo de seguidores é uma forte lição. Precisamos estar cientes do preço de seguir Jesus (veja Lucas 14.25-35). Um discípulo verdadeiro e obediente conhecerá a verdade conhecendo Aquele que é a verdade, o próprio Senhor Jesus (1.17; 14.6). Este conhecimento liberta as pessoas de sua escravidão ao pecado (veja 8.34). Quando Jesus falou de “conhecer a verdade”, Ele estava falando de conhecer a revelação de Deus às pessoas. Esta revelação está incorporada no próprio Senhor Jesus, que é o Verbo; portanto, conhecer a verdade é conhecer Jesus. A verdade não é a liberdade política ou o conhecimento intelectual. Conhecer a verdade significa aceitála, obedecê-la, e considerá-la acima de toda e qualquer opinião terrena. Esta atitude traz a verdadeira liberdade espiritual do pecado e da morte. Os crentes tornam-se verdadeiramente livres porque estão livres para fazer a vontade de Deus, e assim podem cumprir o propósito final de Deus em suas vidas. Como crentes, temos o Espírito Santo vivendo dentro de nós e nos guiando em nossa jornada pela vida.


8.33 Os judeus pensaram que as palavras de Jesus sobre a necessidade de libertação que eles tinham depreciava a sua descendência e posição especial com Deus. Por esta razão, tentaram dar a Jesus uma pequena lição de história: “Nunca servimos a ninguém” . Contudo, a negação do óbvio pela multidão parece evidente até mesmo para nós. Os ancestrais judeus destas pessoas tinham sido escravizados pelos egípcios, assírios e babilônios. E estavam sendo governados pelos romanos na época em que Jesus lhes falou. Embora não fossem realmente escravos, eles estavam sob o domínio estrangeiro, e estavam esperando o Messias para libertá-los do domínio romano. Mas eles insistiam que, como descendentes de Abraáo, eram pessoas livres que não precisavam ser “libertas” . Eles também afirmavam que a justiça de Abraáo garantia a justiça deles. Sua superioridade espiritual os tornou cegos para a sua própria escravidão ao pecado. Jesus desafiou claramente as suas reivindicações.

8.34-38 A multidão não só estava errada sobre a sua história nacional; eles também estavam errados sobre o significado da declaração anterior de Jesus. Jesus falou de uma libertação diferente - a da alma liberta do pecado. Ele assinalou que eles certamente precisavam ser libertos, porque, “ Todo aquele que comete pecado é servo do pecado” . Jesus continuou explicando a diferença entre um servo e um filho. Um servo não tem uma posição permanente na casa de seu senhor porque ele pode ser vendido para um senhor diferente (no Império Romano os escravos não possuíam uma posição legal). Mas um filho sempre tem um lugar na família. Os judeus tinham um falso senso de segurança porque reivindicavam ser descendentes de Abraão - e portanto pensavam que isto lhes garantia um lugar permanente na família e na casa de Deus (no céu). Mas Jesus explicou que eles, juntamente com todas as pessoas, eram escravos do pecado. Como tais, eles náo tinham uma posição permanente na casa do Pai. Somente o Filho de Deus tem o poder e a autoridade para libertar as pessoas da escravidão do pecado. Jesus pode libertar as pessoas da servidão que as impede de se tornarem o tipo de pessoas que Deus as criou para serem. Jesus é a fonte da verdade, o padrão perfeito do que é certo. Jesus não dá liberdade às pessoas para que elas façam o que quiserem, mas lhes dá a liberdade necessária para que sigam: e sirvam a Deus.

Os judeus eram descendentes de Abraão somente no sentido físico, e não espiritualmente ou moràhnente, porque eles estavam tentando matar Jesus. Fazendo isto, estes líderes revelaram que não eram filhos espirituais de Abraáo. Se fossem, teriam reconhecido o seu Messias. Em vez disso, eles estavam seguindo o conselho de seu pai, ou seja, o diabo (8.44). Jesus fez distinçáo entre os filhos hereditários e os filhos verdadeiros. Os líderes religiosos eram filhos hereditários de Abraão (fundador da nação judaica), e por esta razão reivindicavam ser filhos de Deus. Mas as suas ações demonstravam que eram verdadeiros filhos de Satanás, porque viviam sob a direção de Satanás.

8.39 Os judeus disseram que seu pai era Abraão, mas Jesus disse que se eles fossem realmente filhos de Abraão, seguiriam seu bom exemplo. Os filhos imitam os seus pais, mas os líderes judeus não se comportavam como aquele que reivindicavam ser o seu pai. Jesus apontou especificamente para o pecado deles de quererem matá-lo, porque isto provava que eles não eram verdadeiros filhos de Abraão. Abraão creu e obedeceu a Deus (veja Gênesis 12.1-4; 15.6; 22.1-14) e recebeu os mensageiros de Deus (Gênesis 18.1-8).

8.40,41 Eles não podiam reivindicar que tinham Abraão como seu pai, enquanto estavam procurando matar Aquele que lhes trouxe a verdade de Deus, porque “Abraão não fez isso” . Em vez disso, eles estavam obedecendo o seu verdadeiro pai. Jesus estava falando de Satanás como sendo o pai daqueles homens, mas eles não entenderam isto. Antes, disseram: “Nós não somos nascidos de prostituição”. Alguns comentaristas disseram que esta resposta incisiva era uma crítica em relação ao próprio nascimento de Jesus, mas eles não sabiam nada a respeito da forma maravilhosa como o Senhor foi gerado. Todos eles assumiam que Jesus era filho de José. Mas eles poderiam estar afirmando que eram diferentes dos samaritanos, que não eram judeus de sangue puro. Também poderiam estar afirmando que eram monoteístas devotos não contaminados pela fornicação espiritual com outros deuses. Uma vez que seu apelo ao privilégio abraâmico foi rejeitado ou desafiado por Jesus (veja a explicação acima), eles apelaram para a sua posição com Deus: “Temos um Pai, que é Deus” . Sua resposta incisiva mostra que eles se ofenderam ao ouvirem que a sua descendência não os colocava automaticamente em uma posição moral privilegiada diante de Deus. Mas eles não conheciam verdadeiramente o Deus que reivindicavam ser o seu Pai, porque não reconheciam o seu amado Filho que tinha vindo para lhes trazer a verdade, e para libertá-los do pecado.

8.42 Jesus desafiou vigorosamente a reivindicação dos líderes de que eram filhos de Deus. “Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis”. Se aquelas pessoas verdadeiramente amassem a Deus como seu Pai, reconheceriam e amariam ao Filho. E Ele lhes repetiu a sua origem e missão: “Eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” . Jesus veio como o enviado do Pai para trazer a Palavra de Deus ao seu povo. 

8.43 Jesus sabia que eles poderiam náo entender porque eram incapazes de ouvir. Eles já haviam tomado uma decisáo a respeito dele, e assim náo podiam ouvir e aceitar o que Jesus tinha a dizer. Entender náo era o problema; a sua barreira era estarem dispostos a ouvir e aceitar a verdade.

8.44 Jesus disse a estas pessoas hipócritas, “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai” . As ações de uma pessoa revelam o que está em seu coração (veja 1 Joáo 3.8). O diabo foi um homicida desde o princípio e sempre odiou a verdade. Em resumo, o diabo é o pai das mentiras. A intenção de matar vem do diabo. O diabo era o instigador do homicídio de Jesus (6.70,71; 13.27) e o perpetrador das mentiras em que os judeus criam em relação a Jesus. As atitudes e ações dos líderes judeus os identificavam claramente como seguidores do diabo, embora eles possam náo ter estado cientes disso. Mas o seu ódio em relaçáo à verdade, suas mentiras, e suas intenções homicidas indicam quanto controle o diabo tinha sobre eles. Eles eram ferramentas de Satanás ao executar seus planos; falavam a mesma linguagem de mentiras. Satanás ainda usa as pessoas para obstruir a obra de Deus (Gênesis 4.8; Romanos 5.12; 1 João 3.12).

8.45,46 Em contraste com o diabo, que habitualmente mente, Jesus fala sempre a verdade — e por esta razão não era crido. No final, Jesus foi rejeitado não só porque os judeus o julgaram injustamente como um violador do sábado e um blasfemo (5.18), mas também porque as suas palavras a eles eram muito severas e expunham as íniqüidades que praticavam. A luz de seu caráter e palavras, eles não podiam suportar ver e ouvir a verdade a respeito de si mesmos. Se houvesse uma fissura na armadura de Jesus, a sua próxima pergunta teria sido a oportunidade de ouro que teriam para destruí-lo. Jesus se deixou completamente aberto para um ataque direto: “Quem dentre vós me convence de pecado?” Naturalmente, ninguém poderia fazê-lo. As pessoas que o odiavam e o queriam morto examinaram minuciosamente o seu comportamento, mas não conseguiram achar nada de errado. E eles estavam se agarrando a qualquer oportunidade, tentando torná-lo qualquer coisa exceto aquilo que Ele reivindicava ser. Jesus provou que era o Deus encarnado através de sua vida sem pecado. Ele estava falando a verdade, mas eles se recusavam a crer.

8.47 Embora alguns em seu público tivessem ouvido e se tornado crentes (8.30), a maioria permaneceu surda porque seus corações estavam endurecidos (veja 12.39,40). Eles se recusavam a ouvir (ou obedecer) a Palavra de Deus, porque não eram filhos de Deus.