Explicação de João 7:32-52

Explicação de João 7:32-52
Explicação de João 7:32-52

João 7

7.32-34 Ciente de que os líderes religiosos judeus haviam enviado guardas do Templo para prendê-lo, Jesus aludiu à sua morte iminente: “Ainda um pouco de tempo estou convosco e, depois, vou para aquele que me enviou”. Ninguém tiraria a vida de Jesus; antes, Ele iria partir desta vida de acordo com o tempo pré-estabelecido, retornando para o seu Pai. A declaração de Jesus também serviu como uma calma advertência àqueles que estavam tramando contra Ele, de que seus esforços só teriam êxito se estivessem sujeitos ao plano de Deus. Naquele momento, Jesus diz, “Vós me buscareis e não me achareis; e aonde eu estou vós não podeis vir”. Outra forma de dizer isto é, “Vocês me buscarão e não me acharão porque a incredulidade lhes tornou incapazes de compreender onde eu estou”. Depois que Jesus (o verdadeiro Messias) partisse, os judeus continuariam a esperar pela vinda do Messias, porém jamais o encontrariam - porque Ele já veio!

7.35,36 Os lideres judeus, não entendendo que a declaração de Jesus se referia à sua morte, se perguntavam se Ele estava falando de ir para os judeus que estavam dispersos entre os gregos, ou mesmo aos gentios. A Dispersão ou Diáspora é um termo técnico que se refere ao grande número de judeus que foram “dispersos” (ou espalhados) por todo o Império Romano, e ainda mais além. Alguns dos judeus foram dispersos entre os gentios. Os judeus que estavam ouvindo Jesus se perguntavam se Ele estaria prestes a partir da Judéia, e ir até estes judeus.

7.37-39 O último dia, o grande dia da festa, era o oitavo dia. Durante a Festa dos Tabernáculos, os judeus celebravam a memória de como Deus protegeu seus ancestrais em suas viagens através do deserto em direção à Terra Prometida, guiando-os em seu caminho e fornecendo-lhes o maná e, em uma ocasião, água de uma rocha (veja Êxodo 17.1-7). Todos os dias durante esta festa, exceto no último dia, um sacerdote ficava em frente ao Templo com um cântaro de água de ouro e derramava a água sobre uma rocha. Isto celebrava a água que fluiu da rocha, e a rocha que deu aos israelitas água para beber. Eles executavam esta cerimônia a cada dia da festa, exceto no oitavo, quando ofereciam orações públicas pela chuva contínua.

Então, no último dia, quando a água náo era derramada, Jesus se aproximou e disse em alta voz, “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. As palavras de Jesus, “Venha a mim e beba,” aludem ao tema de muitas passagens bíblicas que falam das bênçãos do Messias, que dão vida (Isaías 12.2,3; 44.3,4; 58.11). Prometendo dar o Espírito Santo a todos os que cressem, Jesus estava afirmando ser o Messias, porque isto era algo que só o Messias poderia fazer. Não há nenhum versículo em particular no Antigo Testamento que diga exatamente “rios de água viva correrão do seu ventre”. Jesus estava parafraseando um versículo como o Salmo 78.16 ou Isaías 58.11.

João forneceu uma nota explicativa: Ele estava falando do Espírito, que seria dado a qualquer pessoa que nele cresse. Naquela época, o Espírito Santo ainda não havia sido dado a todos os crentes. Isto aconteceu depois que Jesus entrou em sua glória através da ressurreição e ascensão (veja 16.7-16). A disponibilidade do Espírito Santo está ligada à glorificação de Jesus, porque foi depois da glorificação de Jesus - através da morte e da ressurreição - que o Espírito se tornou disponível aos crentes (veja 20.22).

7.40-44 O convite exclamativo de Jesus gerou fé em alguns dos que o ouviam. Alguns disseram: “Verdadeiramente, este é o Profeta” (significando o Profeta predito por Moisés em Deuteronômio 18.15-18); outros disseram, “Este é o Cristo” . Mas outros não puderam crer. Eles estavam convencidos de que o Messias não viria da Galiléia. Eles argumentavam corretamente que Ele deveria nascer da descendência de Davi e em Belém (veja Salmo 89.3,4; 132.11; Isaías 9.6,7; 11.1; Miquéias 5.2). E, de fato, Jesus era filho de Davi (veja Mateus 1.1-18; Romanos 1.3,4), nascido em Belém (veja Mateus 2.1-6; Lucas 2.1-11). Mas logo depois de seu nascimento, os pais de Jesus o levaram para o Egito para protegerem a sua vida. Mais tarde, eles o levaram a Nazaré da Galiléia (a cidade de José e Maria), onde Ele cresceu (veja Mateus 2.13-23). Por isso Ele era identificado como um Galileu e um nazareno, e não como alguém que tivesse nascido na Judéia ou em Belém. No entanto, nem uma vez Jesus tentou explicar que o local de seu nascimento foi Belém. Em vez disso, Ele sempre apontou para a sua origem divina e celestial. Se uma pessoa conhecesse a Deus, saberia que Jesus era o Cristo. A medida que a multidão discutia sobre a identidade de Jesus, tornavam-se divididos, e alguns queriam prendê-lo. Mas a sua hora ainda não havia chegado; assim sendo, ninguém o tocou.

7.45-49 Os guardas do Templo ou servidores eram muito provavelmente policiais que estavam sob a jurisdição dos príncipes religiosos judeus, e não dos romanos. Alguns dos levitas provavelmente receberam esta atribuição, e dssempenhavam este ofício. Embora os romanos governassem a Palestina, eles deram aos líderes religiosos judeus autoridade sobre assuntos civis e religiosos de menor importância. Os líderes religiosos supervisionavam os seus próprios servidores e davam aos oficiais poder para prender qualquer um que causasse perturbação ou que violasse qualquer uma de suas leis cerimoniais. Mas estes servidores não conseguiram encontrar nem uma razão sequer para prender Jesus. E quando ouviram Jesus para tentar achar alguma evidência, não puderam deixar de ouvir as suas palavras maravilhosas.

Embora enviados pelos principais dos sacerdotes e fariseus com ordens específicas para prender Jesus, os servidores voltaram de mãos vazias. Quando perguntados por que não trouxeram Jesus, disseram, “Nunca homem algum (alou assim como este homem!” Quando os servidores ouviram Jesus, reconheceram que estavam ouvindo um homem como nenhum outro, porque, de feto, estavam ouvindo o Filho de Deus (veja Mateus 7.29; Lucas 4.22).

Mas os fariseus rejeitaram este simples testemunho. Eles perguntaram a estes servidores se eles, como a multidão, também tinham sido enganados. Se Jesus fosse realmente o Messias, argumentavam, pelo menos alguns dos príncipes religiosos creriam nele. E visto que nem mesmo um deles creu, então este homem náo poderia ser o Messias. Talvez as multidões cressem nEle, mas as multidões eram ignorantes. Mas ao julgar o povo por sua suposta ignorância, os fariseus estavam julgando a si mesmos, porque eles eram ignorantes a respeito de Deus, e não conheciam Aquele que Ele enviou.

7.50-52 Nicodemos, que tinha procurado Jesus anteriormente, e que era um deles (veja 3.1-21), perguntou: “Porventura, condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir?” Nicodemos tentou fazer com que os seus companheiros fariseus aderissem à lei que reivindicavam conhecer, e agissem de forma justa e correta. Uma pessoa acusada, de acordo com Deuteronômio 1.16, deve primeiro ser ouvida antes de ser julgada.

Esta passagem oferece uma inspiração adicional sobre Nicodemos, o fariseu que visitou Jesus à noite (capítulo 3). Aparentemente Nicodemos havia se tornado um crente secreto (veja 12.42). Uma vez que a maioria dos fariseus odiava Jesus e queria matá-lo, Nicodemos arriscou a sua reputação e posição elevada ao falar a favor de Jesus. A sua declaração foi ousada, e os fariseus ficaram imediatamente desconfiados. Depois da morte de Jesus, Nicodemos levou especiarias para o seu corpo (19.39). Esta foi a última vez que Nicodemos foi mencionado nas Escrituras. Mas estes fariseus não iriam ouvir nem mesmo a um homem de seu próprio grupo.

A profundidade de sua lealdade à lei tornouse clara quando a posição deles foi ameaçada pela verdade. Eles replicaram sarcasticamente: “Es tu também da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu!” Os fariseus e os líderes religiosos estavam confiantes de que poderiam rejeitar Jesus como não tendo qualquer direito de reivindicar ser o Messias, por causa de sua origem galiléia. Mas eles estavam errados em três pontos: (1) Jesus nasceu em Belém, na cidade de Davi (Lucas 2.4-11; também Miquéias 5-2); (2) As Escrituras falam do Messias como uma “grande luz” para a Galiléia (Isaías 9.1,2); (3) Jonas (2 Reis 14.25) e Elias (1 Reis 17.1) vieram desta região. Os líderes podem ter se referido ao Profeta de Deuteronômio 18.15. Eles estavam orgulhosos e certos de que Ele viria do território deles, a Judéia.