Explicação de João 7:10-31
Explicação de João 7:10-31
João 7
7.10-12 Depois que os irmãos escarnecedores de Jesus partiram para a festa em Jerusalém, Jesus também foi, embora secretamente. Jesus náo subiria a Jerusalém com o propósito de mostrar a si mesmo como sendo o Cristo (o que os seus irmãos lhe haviam aconselhado a fazer, veja 7.3,4). Na verdade, Jesus não pôde ser encontrado durante os primeiros dias da festa (veja 7.11,14).
João 7
Nos eventos que se seguem, muita coisa aconteceu por trás das cenas. Jesus não só viajou até Jerusalém em segredo; mas as intrigas e os subterfúgios estavam em operação por toda parte. As multidões estavam proferindo opiniões a respeito de Jesus, no entanto náo havia um consenso claro. Os líderes judeus estavam ocupados conferenciando e planejando o momento certo para o prenderem de forma legítima. A atmosfera carregada de tensão fomentava tanto a excitação como a traição.
7.13 Os líderes judeus tinham muito poder sobre as pessoas comuns. Aparentemente, estes líderes não puderam fazer muitas coisas contra Jesus neste momento, mas eles ameaçavam qualquer um que pudesse apoiá-lo publicamente. Eles podiam usar a excomunhão da sinagoga como uma represália contra aqueles que cressem em Jesus (9.22). Os judeus consideravam isto uma punição severa. Os ouvintes de Jesus tinham as suas opiniões, mas tinham medo de expressá-las. Isto criava um impasse de poder entre os líderes religiosos e as multidões.
7.14,15 No meio da festa, Jesus saiu da obscuridade e começou a ensinar em público, no pátio externo, um local extremamente visível do Templo. A demora de Jesus em chegar, e a opinião dividida da multidão, criaram uma antecipação por seu comparecimento e ensino. A atmosfera era tensa e nervosa. Quando os líderes judeus ouviram Jesus, eles se maravilharam como seu conhecimento, não tendo nunca sido treinado como um mestre em suas escolas. Em outras palavras, Jesus não possuía nenhuma certificação humana oficial. Ele falava com autoridade sem depender de licença ou graduação para legitimar o seu ensino. A partir daquilo que se segue a esta declaração sobre a admiração da multidão, entendemos que a inquietude entre as pessoas a respeito da identidade de Jesus continuava a se desenvolver. Após a admiração inicial da multidão, todos ficaram agitados quanto às questões da identidade de Jesus, e começaram a tomar partido.
7.16-18 Adoutrina de Jesus tinha autoridade porque provinha de Deus, não de si mesmo. Aqueles que conheciam a Deus e procuravam fazer a vontade de Deus saberiam se a sua doutrina era de Deus ou era sua. Diferente daqueles que apresentam as suas próprias idéias e estão em busca de louvor para si mesmos, Jesus buscava honrar Aquele que o tinha enviado. Jesus determinou trazer a mensagem de Deus de salvação para a humanidade, e assim direcionar a glória a Deus Pai. Portanto, Jesus poderia por direito afirmar que Ele mesmo era bom e genuíno. E somente aqueles que querem fazer a vontade
de Deus podem reconhecer Jesus pelo que Ele é - o Filho de Deus. Jesus estava dizendo que aqueles que examinam a sua doutrina ou os sinais que acompanharam o seu ministério devem ter a mente aberta e desejar responder positivamente à vontade de Deus, uma vez que ela seja conhecida. Algumas pessoas que exigem mais evidências podem estar ocultando a sua recusa de se sujeitarem a Deus. Todo crente que deseja conhecer a vontade de Deus deve buscá-la com a intençáo de obedecê-la, uma vez que ela pode ser facilmente conhecida.
7.19 Começando com o versículo 19, Jesus fez alusão ao debate que teve com os judeus durante a sua última visita a Jerusalém (veja 5.18ss.). Por Jesus ter curado um homem no sábado, e então sugerido diretamente a sua própria igualdade com Deus, o seu Pai, os líderes religiosos judeus queriam matá-lo por ter violado o sábado, e por ter supostamente blasfemado. Os fariseus tentavam alcançar a santidade guardando meticulosamente as regras que eles mesmos haviam acrescentado às leis de Deus. A acusação de Jesus de que eles náo obedeciam a lei de Moisés, os ofendeu profundamente. Apesar de seu orgulho pomposo por suas pseudo-realizaçóes e regras, eles náo estavam à altura, porque estavam vivendo muito abaixo do que a lei de Moisés exigia. Forçando as suas próprias leis com respeito à violação do sábado e blasfêmia, estavam prestes a violar um dos Dez Mandamentos: “Não matarás” (Êxodo 20.13). Mas eles não enxergavam este erro: eles odiavam tanto a Jesus que estavam cegos em relaçáo aos seus próprios pecados.
7.20 Em resposta à acusação de Jesus de que eles estavam tentando matá-lo, o povo respondeu com uma acusação própria e com uma pergunta. Não podemos saber o quanto o plano contra Jesus estava disseminado. Mas o versículo 25 registra o fato de que alguns deles estavam tentando matá-lo, e as suas intenções eram amplamente conhecidas. Neste ponto, a multidão queria saber se Jesus podia identificar as pessoas que estavam por trás daquele complô. Mas esta multidão também blasfemou contra Jesus, acusando-o de estar possesso de demônio. Marcos registra um incidente anterior (Marcos 3.22-30) em que uma acusação semelhante foi lançada contra Jesus. Foi uma tática particularmente eficaz da parte dos líderes religiosos, admitir a espiritualidade de Jesus, mas então defini-la como maligna. Desta vez, Jesus nem sequer se incomodou em refutar a óbvia desonestidade daquelas alegações.
7.21-24 Por Jesus estar em Jerusalém, Ele muito provavelmente estava se referindo ao milagre descrito em 5.1-15 - a cura do homem paralítico. Jesus mencionou que havia curado no sábado, o ponto de controvérsia em torno do milagre. Jesus lembrou outra vez as pessoas de que as prioridades espirituais delas estavam erradas. Ele notou que, de acordo com a lei de Moisés, a circuncisão deveria ser realizada oito dias depois do nascimento de uma criança (Gênesis 17.9-14; Levítico 12.3). Este rito demonstrava a identidade dos judeus como parte do povo da aliança de Deus. Se o oitavo dia depois do nascimento caísse em um sábado, eles ainda assim realizavam a circuncisão (embora isto fosse considerado trabalho). Referindo-se a Abraão realizando a circuncisão, Jesus estava indicando uma autoridade e princípio anterior a Moisés. Curando uma pessoa por completo, Jesus demonstrou que o seu poder criador era igual ao de Deus, e superior ao de Moisés.
A questão era que, embora os líderes religiosos permitissem certas exceções às leis do sábado, eles não permitiam nenhu ma a Jesus, que simplesmente mostrava compaixão por aqueles que necessitavam de cura. Ele demonstrou a partir das próprias práticas deles que eles iriam invalidar uma lei quando duas leis cerimoniais entrassem em conflito. Mas os líderes judeus estavam tão absorvidos por suas ordenanças sobre guardar o sábado, que não eram capazes de enxergar a verdadeira intenção das ações de Jesus. A adesão deles às suas próprias tradições superficiais e obstinadas faria com que eles perdessem de vista o Messias, que as suas Escrituras retratavam.
7.25-27 Alguns dos de Jerusalém tinham ouvido que os príncipes religiosos estavam tentando matar Jesus. Mas visto que Ele estava falando abertamente, e nenhum dos príncipes tentava interrompê-lo, eles se perguntavam se os príncipes haviam reconsiderado e reconhecido que Jesus realmente era o Messias. Mas isto parecia improvável para as multidões, porque até mesmo eles podiam pensar em algumas objeções.
Seu raciocínio? “ Bem sabemos de onde este é; mas quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é” . O povo pensava que sabia de onde Jesus era - de Nazaré, da Galiléia. Eles o viam como um homem, um vizinho, um carpinteiro, mas não tinham um relacionamento íntimo com Ele. Eles não sabiam que Ele tinha vindo de Deus e havia nascido de uma virgem, que tinha sido anunciado por anjos, reconhecido como divino por pastores, e então por sábios do oriente, e saudado alegremente como o Messias por dois profetas de idade avançada (Lucas 2). Em vez disso, o povo estava convencido de que ninguém deveria saber de onde vinha o Messias. Havia uma tradição popular de que o Messias iria simplesmente aparecer. Esta era tão enganosa quanto a crença de que o Cristo seria um líder militar/político que iria restaurar a grandeza de Israel. Aqueles que criam nesta tradição estavam ignorando as Escrituras que claramente prediziam o local de nascimento do Messias (Miquéias 5.2). A tradição popular sobre a origem e o aparecimento do Messias provavelmente veio do que está registrado em 1 Enoque 48.6; 4 Esdras 13.1 ss., livros que não foram incluídos em nossas Bíblias porque não foram considerados inspirados pelo Senhor (porém foram considerados válidos para o estudo pessoal).
7.28-31 Sabendo que alguns não criam em suas palavras, Jesus disse: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou” . Algumas versões traduzem esta frase como uma pergunta em vez de uma afirmação. O povo realmente sabia de onde Ele era geograficamente (Ele cresceu na Galiléia), mas não o conheciam, pois Jesus prosseguiu dizendo: “ E eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis. Mas eu conheço-o, porque dele sou, e ele me enviou” . Jesus estava declarando a sua origem divina e a sua missão divina. A partir da proclamação de Jesus podemos entender que é importante saber, não de onde Ele veio, mas de quem Ele veio. Para reconhecer esta origem é necessário ter uma revelação. Mas o povo não conhecia Jesus, porque não conhecia Aquele que o enviou.
Isto era demais para os líderes que tentaram prendê-lo. Esta foi a primeira tentativa espontânea de deter Jesus. Um pouco depois houve uma tentativa oficial descrita no versículo 32. Mas Jesus não podia ser detido, porque a sua hora ainda não havia chegado. O versículo que está entre as duas tentativas de prisão diz que muitos creram. Havia uma agitação na multidão sobre a verdadeira identidade de Jesus. As pessoas estavam tomando partido. Algumas pessoas criam e outras não. Por um momento, houve uma confusão generalizada. Mas a confusão era em torno da crença e da incredulidade. Aqueles que creram em Jesus concluíram que Ele tinha apresentado as verdadeiras credenciais do Messias.