Explicação de João 6:16-40
Explicação de João 6:16-40
João 6
6.16-18 — Jesus havia subido a encosta da montanha para ficar sozinho (6.15). Os discípulos desceram para o mar para esperar por Ele. Embora já fosse tarde naquele dia, muitos dos discípulos eram navegadores experientes que teriam se sentido muito à vontade navegando à noite, como se estivessem navegando durante o dia. Jesus tinha pedido a Pedro que o seguisse, depois do apóstolo e seus companheiros terem passado a noite toda pescando (Lucas 5.1-11). Quando escureceu, e ainda Jesus não tinha chegado, os discípulos decidiram partir e passar o lago em direção a Cafamaum. Este lago, o Mar da Galiléia (ou Mar de Tiberíades, veja 6.1), é muito grande. Ele está a 650 pés abaixo do nível do mar, tem 150 pés de profundidade, e é cercado por montes. Estas características físicas o tornam sujeito a repentinas tempestades de vento que causam ondas extremamente altas. Os marinheiros esperavam tais tempestades neste lago, porém mesmo assim estas tempestades podiam ser muito assustadoras. Tal tempestade repentina se levantou porque um grande vento assoprava.
João 6
O Mar da Galiléia tem cerca de sete milhas em seu ponto mais largo, e os discípulos estavam remando o barco por águas turbulentas que o vento havia agitado na extremidade norte. Eles haviam recentemente enfrentado uma forte tempestade em circunstâncias semelhantes, porém naquela ocasião Jesus estava dentro do barco com eles (Marcos 4.35-41). Desta vez eles puderam sentir a falta do Senhor.
6.19-21 Eles tinham navegado cinco ou seis quilômetros. De acordo com Marcos 6.45, os discípulos levaram a noite toda remando para percorrer esta pequena distância - evidentemente porque o vento forte era contrário. De repente, eles viram Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco. Jesus não estava apenas andando sobre a água, Ele havia andado uma grande distância sobre mares turbulentos! E compreensível que os discípulos tenham temido, mas Jesus exclamou por sobre o gemido do vento: “Sou eu; não temais”. Os discípulos pensaram que estivessem vendo um fantasma (Marcos 6.49).
6.22-25 Em algum momento durante o dia, vários barcos chegaram de Tiberíades. Embora náo esteja declarado, a sugestão é que as multidões possam ter ouvido sobre o paradeiro de Jesus, por parte de alguém que tenha estado próximo aos barcos. Então, as pessoas da multidão usaram aqueles barcos, que entendemos que iriam de qualquer maneira voltar para o outro lado do mar em direção a Tiberíades, para atravessar para Cafarnaum com a finalidade de procurar Jesus.
6.26,27 A multidão, sendo satisfeita em uma ocasião pelo que Jesus havia feito por ela, queria ver o que mais Jesus poderia fazer a seu favor (será que Ele forneceria mais refeições de graça?). Mas eles náo perceberam o que o milagre na verdade lhes revelou. Jesus se recusava a encorajá-los no desejo que tinham pela satisfação material que Ele poderia lhes conceder. A sua resposta inicial foi, em outras palavras: “Vocês estavam tão preocupados por serem alimentados, que não enxergaram Aquele que providenciou a comida”. Pode ser que as pessoas não tenham percebido este detalhe, mas a necessidade delas era muito mais profunda. Os sinais de Jesus foram dados para revelar que Ele poderia atender as necessidades mais profundas.
Portanto, Jesus lhes disse: “ Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará.” O pão que sacia o estômago, seja produzido por um sinal miraculoso ou feito em uma padaria, não é espiritual ou eterno. Jesus estava dizendo que as pessoas não deveriam segui-lo porque Ele proveu pão de graça, mas porque Ele provê o “pão” espiritual - o pão que pode lhes dar a vida eterna. Ele queria que as pessoas olhassem para Ele como Aquele que podia fornecer o alimento que permanece para a vida eterna. Ele mesmo é este alimento. Vindo até Ele, e recebendo-o pela fé, eles iriam participar do Pão da Vida. E por isto que Deus o Pai o enviou.
6.28,29 A multidão não entendeu as palavras de Jesus sobre como Ele daria a comida que permanece para a vida eterna. Então perguntaram: “ Que faremos para executarmos as obras de Deus?” Jesus deu uma resposta direta: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou” . A única “obra” que Deus exige de nós é que creiamos em seu Filho. Mas por alguma razão, nos sentimos melhor “ganhando” de alguma maneira o favor de Deus como um pagamento, em vez de aceitá-lo como uma dádiva. A vida eterna é um dom; não pode ser ganha; a única obra a ser feita é crer em Jesus Cristo.
6.30,31 Surpreendentemente, a multidão então pediu a Jesus que fizesse um sinal miraculoso se quisesse que cressem nele. A multidão havia acabado de ver o milagre da multiplicação dos pães, mas eles queriam mais - não só um suprimento de pão de um dia, mas a garantia de um suprimento contínuo. O argumento deles era que os seus ancestrais comeram o maná no deserto - o que, naturalmente, esteve disponível todos os dias por aproximadamente quarenta anos. E eles citaram suas Escrituras, mencioando versículos como Êxodo 16.4 e o Salmo 78.24,25. Um Midras (comentário judaico) sobre Êxodo 16.4 diz que da mesma forma que o antigo redentor (Moisés) fez com que o maná descesse do céu, assim também o último Redentor fará com que o maná desça. Eles esperavam que Jesus fizesse isto, se fosse o Messias.
6.32,33 Moisés não havia operado o milagre, mas sim o Pai. E o Deus que deu o maná para os israelitas por quarenta anos, agora dá o verdadeiro pão do céu — Jesus. Da mesma forma que os israelitas comeram o maná todos os dias, assim Deus provê o verdadeiro pão de Deus para o sustento diário. Deus lhes havia dado o seu Filho - aquele que desce do céu e dá vida ao mundo - como o verdadeiro pão celestial para atender as suas necessidades espirituais cotidianas. O tempo verbal no presente indica um suprimento contínuo.
6.34,35 Os judeus não entenderam que Jesus falava de si mesmo como o Pão da Vida; eles queriam um suprimento diário de pão físico, dizendo, “Dá-nos sempre desse pão” . Como a mulher no poço que pediu a Jesus que lhe desse da água viva para que não tivesse mais sede, a multidão queria o que Jesus pudesse dar para que suas vidas pudessem ser facilitadas. Eles náo entenderam o que Jesus quis dizer. Então Jesus lhes disse diretamente: “Eu sou o pão da vida” . Se as pessoas quisessem este pão, deveriam vir a Jesus e crer nele. Quando Jesus usou as palavras “Eu sou”, Ele estava apontando para a sua identidade incomparável e divina. Em essência, esta declaração diz: “Eu, o Senhor Deus, estou aqui para prover a vocês tudo o que precisam para a sua vida espiritual”. Jesus dizer que é o Pão da Vida é para Ele o mesmo que dizer: “Eu sou o sustento da vida de vocês”. Da mesma forma que o pão fornece aos nossos corpos força e nutrição, Jesus, o verdadeiro Pão do Céu, veio paia fortalecer e nutrir o seu povo, para que jamais tenham fome e nunca tenham sede.
6.36 De acordo com alguns manuscritos, a leitura é. “Vós me vistes” . Isto enfatiza que as multidões tinham visto a Jesus, o próprio Pão da Vida, de pé diante deles, e mesmo assim não tinham crido nele. Outros manuscritos apresentam, “Vós vistes e, contudo, não crestes”. Isto enfatiza que as multidões tinham visto os milagres que Jesus fizera, e mesmo assim não creram. Eles não só tinham visto, mas comido os pães e os peixes multiplicados, mas resistiam à conclusão necessária de que Ele era divino.
6.37 No grego, a palavra todo é singular neutro, indicando o corpo total de crentes, em todas as épocas. O Pai dá este grupo coletivo para o Filho (veja também 17.2,24). Somente aqueles que são escolhidos por Deus é que podem vir ao Filho e crer nele. O Espírito de Deus os capacita a vir. Todos aqueles que foram convidados a vir a Jesus e fizeram isto, podem descansar seguros de que Deus operou em suas vidas.
Embora a primeira parte deste versículo fale do grupo coletivo de crentes, esta segunda parte fala do individuo: “De maneira nenhuma o lançarei fora”. A palavra de Deus nos assegura que Jesus irá sempre receber aquele que o busca com sinceridade, e aquele que buscar, e vier a crer nunca será rejeitado (10.28,29).
6.38 Jesus não operava independentemente de Deus Pai, mas em união com Ele: Ele veio para fazer a vontade de Deus. Isto deve nos dar ainda mais segurança de sermos recebidos na presença de Deus e de sermos protegidos por Ele. Todos aqueles que responderem positivamente ao chamado de Deus poderão estar certos de sua proteção (veja 17.11). A proteção os alcança nesta vida e também por toda a eternidade. A nossa fome e sede espirituais são satisfeitas nesta vida, e sabemos que no futuro seremos ressuscitados dos mortos para vivermos com Jesus para sempre. No entanto, a garantia não se aplica à fidelidade superficial. Devemos segui-lo com sinceridade de coração, entregando a nossa vida a Ele.
6.39,40 Como no versículo 37, as palavras gregas para todos aqueles é singular neutro; elas indicam a entidade coletiva completa de todos os crentes. Todos aqueles que estiverem entre este grupo de crentes podem estar seguros da promessa de Deus de vida eterna. Cristo não permitirá que o seu povo seja vencido por Satanás. Eles não se perderão, terão a vida eterna, e Ele os ressuscitará no último dia. No entanto, este compromisso não deve ser superficial, como foi o “compromisso” daqueles discípulos que se desviaram (veja 6.66). Mas aqueles que crerem terão a vida eterna. Deus valoriza cada pessoa. Jesus demonstrou, através de seu ensino, como somos valiosos: Deus enviou o Seu precioso Filho à terra; o Filho veio à terra; o Filho prometeu preservar e ressuscitar aqueles que Ele recebeu do Pai.