Explicação de João 20:19-31

Explicação de João 20:19-31

Explicação de João 20:19-31
20.19 Os discípulos estavam ainda perplexos e aparentemente tinham se reunido naquela noite atrás de portas cerradas. Provavelmente, estavam discutindo a visão de anjos, narrada pelas mulheres, o que Pedro e João tinham visto no sepulcro e a afirmação assombrosa de Maria de que tinha visto Jesus. Em algum momento do dia, Jesus tinha aparecido a Pedro (Lc 24.34), e as mulheres tinham transmitido as palavras dos anjos de que os discípulos deveriam ir à Galiléia para encontrar a Jesus ali (Mt 28.7). Mas por alguma razão, eles não foram: ao contrário, ficaram em Jerusalém, com medo dos judeus. De repente, chegou Jesus, e pôs-se no meio deles. Jesus podia fàzer isto porque a sua ressurreição e subseqüente glorificação tinham alterado a forma do seu corpo. Nesta nova forma espiritual, Ele conseguia transcender todas as barreiras físicas. Ele fez a saudação padrão hebraica: “Paz seja convosco!”, mas aqui esta saudação estava repleta de um significado mais profundo (veja 14.27; 16.33). Jesus repetiria estas palavras no versículo 21.

20.20 Devido à aparição súbita e miraculosa de Jesus entre eles, os discípulos a princípio pensaram que Ele era um fantasma (Lc 24.37). Jesus precisava convencê-los de que Ele, inclusive com o seu corpo físico, possível de ser tocado, estava presente no meio deles, e por isto mostrou-lhes as mãos e o lado. Quando eles perceberam quem Ele era, exultaram. Jesus tinha dito: “a vossa tristeza se converterá em alegria” (16.20) quando me virem novamente. Realmente, eles se alegraram.

20.21-23 Jesus lhes deu a sua paz e então lhes deu a comissão de serem seus representantes, assim como Ele unha sido o representante do Pai (veja 17.18). Jesus novamente se identificou com o Pai. Ele disse aos discípulos de quem era a autoridade com que Ele realizara a sua tarefa. Então Ele encarregou os discípulos de transmitirem a mensagem do Evangelho por todo o mundo. Eles foram enviados com a autoridade de Deus para pregar, ensinar e realizar milagres (veja Mateus 28.16-20; Lucas 24.47^49) - basicamente, para continuar por todo o mundo aquilo que Jesus tinha iniciado na Palestina. Seja o que for que Deus lhe pediu para fàzer, lembre-se: (1) a sua autoridade vem de Deus, e (2) Jesus demonstrou com palavras e atos como realizar a tarefa que Ele lhe deu. Da mesma forma como o Pai enviou o seu Filho, Jesus envia os seus seguidores... e você. A sua resposta é identificar, dia após dia, aqueles a quem o Pai lhe envia.

Antes que os discípulos pudessem realizar a sua missão, entretanto, eles precisavam do poder do Espírito Santo. E Jesus lhes deu este poder assoprando sobre eles o Espírito Santo. Este ato nos lembra daquilo que Deus fez para dar a vida ao primeiro homem - soprando nele para que se tornasse uma alma viva (Gn 2.7). Existe vida no sopro de Deus. O homem foi criado, mas não se fez vivo até que Deus tivesse soprado nele o sopro da vida (Gn 2.7). O primeiro sopro de Deus tornou o homem diferente de todas as outras formas de criação. Aqui, por meio do sopro de Jesus, Deus deu a vida espiritual, eterna. Com este sopro vinha o poder para realizar a vontade de Deus na terra.

Jesus deu aos discípulos a sua missão; para tanto eles foram capacitados e dirigidos pelo Espírito. Eles deveriam pregar as Boas Novas a respeito dele, para que os pecados das pessoas pudessem ser perdoados. Os discípulos não tinham o poder de perdoar pecados (somente Deus pode perdoar pecados), mas Jesus lhes deu o privilégio de contar a novos crentes que os seus pecados tinham sido perdoados porque eles tinham aceitado a mensagem de Jesus. Todos os crentes têm este mesmo privilégio. Podemos anunciar o perdão dos pecados com certeza quando nós mesmos nos arrependemos e cremos. Aqueles que não crêem não sentirão o perdão dos pecados; os seus pecados serão retidos (isto é, não serão perdoados).

20.24,25 Quando os discípulos disseram a Tomé que Jesus tinha aparecido a eles, ele não acreditou. Tomé insistiu que queria ver o Jesus que tinha sido crucificado. Ele queria uma prova material — ver e tocar as cicatrizes dos cravos nas mãos de Jesus, e por a sua mão no seu lado. Algumas vezes, as pessoas enfatizam exageradamente o aspecto de incredulidade do caráter de Tomé. Em 11.16, João revela Tomé como sendo determinado e comprometido, embora tendendo a ser pessimista. E Mateus destaca (Mt 28.17) que todos os discípulos compartilharam do ceticismo de Tomé. Era parte de seu caráter expressar, com palavras, os sentimentos do grupo. A maioria dos outros discípulos (com a exceção de João - 20.8) não acreditou até que viu Cristo face a face.

20.26-28 Depois de oito dias, Tomé teve a sua oportunidade. Desta vez, ele estava presente quando Jesus apareceu. Os discípulos ainda estavam a portas cerradas quando Jesus apareceu entre eles como tinha feito antes e fez a mesma saudação; “Paz seja convosco!” Mas desta vez, Ele falou diretamente a Tomé, conhecendo de maneira sobrenatural a dúvida de Tomé e aquilo de que ele precisava para se convencer. Jesus lhe disse que pusesse o seu dedo e visse as suas mãos e o seu lado. O corpo ressuscitado de Jesus era exclusivo. Ele não mais estava sujeito às mesmas leis da natureza, como antes da sua morte. Ele podia aparecer numa sala fechada; mas Ele não era um fantasma nem uma aparição, porque podia ser tocado e seus ferimentos ainda eram visíveis. Quando viu Jesus, o “incrédulo” Tomé se tornou o Tomé crente. A sua resposta ecoa pelos séculos como a resposta de muitos incrédulos que finalmente vêem a verdade: “Senhor meu, e Deus meu!” Esta afirmação clara da divindade de Jesus fornece uma boa conclusão para o Evangelho de João, que afirma continuamente a divindade de Jesus (veja 1.1,18; 8.58; 10.30).

20.29 Embora Tomé proclamasse que Jesus era seu Senhor e seu Deus, Jesus o repreendeu porque ele tinha tido que ver antes de crer. Bem-aventurados são os que náo viram e ainda assim, creram. Algumas pessoas pensam que poderiam crer em Jesus se pudessem ver um sinal definido ou um milagre. Mas Jesus diz que somos bem-aventurados se pudermos crer sem nada ver. Nós temos todas as provas de que precisamos nas palavras da Bíblia Sagrada, e no testemunho de outros crentes.

20.30, 31 Nos dois últimos versículos do capítulo, João explica por que escreveu este Evangelho: para encorajar a fé em Jesus como o Cristo e o Filho de Deus. Todos os sinais miraculosos neste Evangelho apontam para Jesus como sendo o Cristo e o Filho de Deus, que veio dar vida a todos aqueles que creem. Muito provavelmente,João escreveu este Evangelho para encorajar aqueles que já criam, para que continuassem na sua fé. Nós, que cremos, somos encorajados a ler e reler o Evangelho de João para continuarmos na nossa fé. E este Evangelho também tem sido usado muito além disto, como uma poderosa ferramenta para a evangelização, trazendo as pessoas para a fé em Cristo.

Tudo o que precisamos fazer para entender mais completamente a vida e a missão de Jesus, é estudar os Evangelhos. João nos diz que o seu Evangelho registra apenas alguns poucos dos muitos eventos da vida de Jesus na terra. Mas os Evangelhos incluem tudo o que é necessário saber para crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, por cujo intermédio nós recebemos a vida eterna.