Explicação de João 18:1-24
Explicação de João 18:1-24
18.1 Para chegar ao Jardim do Getsêmani, Jesus e os discípulos tiveram que cruzar o vale de Cedrom, uma ravina que se inicia ao norte de Jerusalém e passa entre a colina onde está o Templo e o Monte das Oliveiras, dirigindo-se a seguir ao Mar Morto. Durante a estação chuvosa, o vale era inundado com as correntezas, mas nesta época estava seco.
18.1 Para chegar ao Jardim do Getsêmani, Jesus e os discípulos tiveram que cruzar o vale de Cedrom, uma ravina que se inicia ao norte de Jerusalém e passa entre a colina onde está o Templo e o Monte das Oliveiras, dirigindo-se a seguir ao Mar Morto. Durante a estação chuvosa, o vale era inundado com as correntezas, mas nesta época estava seco.
18.2 Embora Judas tivesse deixado o grupo quando ainda estavam no cenáculo (13.26-31), ele imaginou que Jesus iria até o Getsêmani com seus discípulos. Este parecia ser um lugar favorito de Jesus e dos discípulos quando desejavam se afastar das multidões, quando estavam em Jerusalém (veja Lucas 21.37).
18.3,4 Judas agiu como um guia para dois grupos: (1) uma coorte de soldados romanos (cerca de 600 homens), e (2) oficiais do templo que eram a polícia judaica do templo. Os judeus recebiam autoridade dos líderes religiosos para realizar prisões por pequenos delitos. Os soldados provavelmente não participaram da prisão, mas acompanharam os guardas do templo para ter certeza de que as coisas não fugiriam do controle.
Os principais sacerdotes e fariseus podem ter pedido ajuda aos romanos para prender Jesus porque a sua intenção final era conseguir ajuda para executá-lo. A polícia e os guardas estavam preparados para encontrar violenta resistência, pois carregavam lanternas, e archotes, e armas. Ainda era noite - a saída de Judas para ir e trair Jesus tinha ocorrido apenas algumas horas antes (13.30). João não registrou o beijo de saudação de Judas (Mt 26.49; Mc 14.45; Lc 22.47,48), mas o beijo marcou um momento decisivo para os discípulos. Eles fugiram (Mt 26.56).
A traição, fuga e crucificação de Jesus, foram fatos que transcorreram de acordo com o plano divino, previamente elaborado - Ele tinha pleno conhecimento e consciência de todas as coisas que estavam acontecendo. O traidor, Judas Iscariotes, tinha sido escolhido por Jesus. Ele sabia, desde o início, que Judas era um diabo e que seria seu traidor (veja 6.64,70). A ocasião da sua prisão tinha sido pré-determinada: deveria acontecer durante a Páscoa, nem antes, nem depois. O método da execução (crucificação) estava pré-determinado, de modo que Jesus sabia que seria levantado na cruz (veja 12.32,33).
18.5,6 A resposta de Jesus, literalmente, foi apenas: “Sou eu”. Com estas palavras, Ele declarou sua divindade (como em 8.58; veja Êxodo 3.14). A reação que esta frase produziu naqueles que estavam ali para prendê-lo (inclusive em Judas) indica que as palavras de Jesus assombraram esta multidão de homens armados, pois recuaram e caíram por terra. Como havia alguns guardas do templo entre os soldados romanos, é muito possível que eles tenham entendido o significado da afirmação de Jesus, ou talvez tenham ficado impressionados pelo seu poder e pela sua autoridade óbvios. Entre eles, podem ter estado alguns daqueles que anteriormente (7.46) tinham concluído que “Nunca homem algum falou assim como este homem”. A reação dos guardas mostra que Jesus poderia ter exercido seu poder para evitar a sua prisão, mas decidiu não fazê-lo.
18.7-9 Jesus estava disposto a entregar-se aos soldados, mas lhes pediu que deixassem ir os outros, referindo-se aos onze discípulos que estavam com Ele. Com este ato, Ele cumpriu a palavra que Ele mesmo tinha dito: “Dos que me deste nenhum deles perdi”. Jesus estava se referindo às palavras registradas em 6.39 e 17.12. Jesus era o Bom Pastor que daria a sua vida pelas ovelhas (10.11).
18.10,11 Pedro tinha prometido morrer por Jesus (Mt 26.33-35) e não iria permitir que Jesus fosse levado sem uma boa luta. A espada de Pedro era provavelmente uma adaga. Lucas menciona que o grupo dos discípulos tinha duas espadas (Lc 22.38). Pedro feriu Malco, o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. Lucas acrescentou que em seguida Jesus curou a orelha do servo (Lc 22.50,51).
Jesus estava determinado a fazer a vontade do seu Pai. (Esta é a única menção ao cálice do sofrimento no Evangelho de Lucas. Veja Mc 14.36). No Antigo Testamento, o “cálice” normalmente se referia ao derramamento da ira de Deus (veja SI 75.8; Is 51.17; Jeremias 25.15; Ezequias 23.31-34). Para Jesus, o cálice representava o sofrimento, o isolamento e a morte que Ele teria que suportar para expiar os pecados do mundo. Pedro pode ter mostrado grande lealdade, mas não entendeu a questão. Tudo o que estava acontecendo era parte do plano de Deus.
Imediatamente depois da mesma referência ao cálice do sofrimento, tanto Mateus quanto Marcos mencionam que todos os discípulos abandonaram Jesus e fugiram (Mt 26.56; Mc 14.50).
18.12,13 Os judeus e os romanos prenderam a Jesus, e o manietaram como a um prisioneiro comum. Jesus foi imediatamente levado à residência do sumo sacerdote, embora ainda fosse noite. Os líderes religiosos estavam com pressa — eles queriam concluir a execução antes do sábado judeu e prosseguir com as celebrações da Páscoa. Conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Tanto Anás quanto Caifás tinham sido sumo sacerdotes. De acordo com a lei judaica, o cargo de sumo sacerdote era vitalício. Mas os romanos não gostavam de tal concentração de poder em uma única pessoa, de modo que freqüentemente substituíam o sumo sacerdote. No entanto, muitos judeus ainda consideravam Anás como o sumo sacerdote, e ainda o chamavam por esse título. Mas embora Anás conservasse muita autoridade entre os judeus, Caifás tomava as decisões finais.
18.14 Caifás foi quem tinha advertido os judeus de que era melhor que um homem moTse pelo povo (veja 11.49-52). Caifás disse isto porque temia os romanos. Os judeus tinham liberdade religiosa limitada com a condição de que mantivessem a paz. Os líderes judeus temiam que os milagres de Jesus e a grande quantidade de seguidores fizessem Roma reagir e tomar medidas drásticas contra eles. Era melhor Jesus morrer, do que muitos correrem perigo por causa de um tumulto.
18.15-18 Embora todos os discípulos tivessem fugido quando os soldados chegaram, dois deles retornaram e decidiram seguir a Jesus. Assim, estes dois discípulos seguiram a Jesus até a casa de Anás. Esta casa deve ter sido como um conjunto de alguns edifícios rodeados por muros, com um portão central onde havia guardas. Somente um discípulo foi identificado: Pedro. O outro aparentemente era um discípulo conhecido do sumo sacerdote. Somente este outro discípulo entrou com Jesus na sala do sumo sacerdote.
Alguns estudiosos pensam que o outro discípulo era Joáo, por causa de referências similares a ele em 20.2 e 21.20,24. Mas muitos opinam que Joáo, o filho de Zebedeu da Galiléia, não teria sido conhecido de Anás. Quem quer que fosse este discípulo, ele conseguiu permissão para que Pedro entrasse no pátio.
Pedro se pôs imediatamente na defensiva. Assim que entrou, a porteira que vigiava o portão (na verdade, uma criada) perguntou a Pedro: “Não és tu também dos discípulos deste homem?” Num agudo contraste com a declaração anterior de Pedro, quando disse que daria a vida pelo seu Senhor (13.37), ele negou: “Não sou”.
Era uma noite de primavera, e a cidade de Jerusalém está a 2500 pés acima do nível do mar. As brasas do carvão afastavam o frio. A história de Pedro continua em 18.25.
18.19 Enquanto isto, o sumo sacerdote queria saber que doutrina Jesus tinha estado ensinando aos seus discípulos. Se as autoridades temiam uma rebelião, Anás pode ter querido saber quantos discípulos Jesus tinha reunido para estimar a força da sua retaliação. Ou Anás pode ter querido interrogar os discípulos sobre o que Jesus lhes tinha ensinado. Jesus não disse nada sobre os seus discípulos, para protegê-los (como em 18.8), mas estava disposto a falar sobre a sua doutrina.
18.20-23 Jesus não era o líder de uma seita ou de uma organização secreta. Ele não estava planejando um golpe religioso. Ao contrário, Jesus observou que tudo o que Ele ensinava foi ensinado abertamente. Nem mesmo as conversas tranquilas e privadas com seus discípulos incluíam algum ensinamento secreto ou subversivo. Tudo o que Ele dizia aos discípulos era dito à multidão, que se recusava a entender. Se Anás queria saber o conteúdo dos ensinos de Jesus, ele podia perguntar a qualquer pessoa que tivesse ouvido Jesus falar em diversas ocasiões. Interrogar os discípulos não seria necessário. Assim, Jesus devolveu a pergunta a Anás: “Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito”.
Isto despertou ira. Um dos criados do templo, interpretando a resposta de Jesus como um sinal de desprezo pelo sumo sacerdote, deu uma bofetada em Jesus (certamente uma forte boa bofetada). Jesus foi golpeado injustamente, e assim poderia se defender. Este incidente é similar ao registrado em Atos 23.2-5,em que Paulo foi ferido por não responder “corretamente” ao sumo sacerdote. Jesus negou que tivesse falado mal.
18.24 Depois de ser interrogado por Anás, Jesus foi enviado a Caifás, o sumo sacerdote em exercício. Marcos registra que este interrogatório diante de Caifás incluiu todo o conselho judeu (Mc 14.53-65). Os líderes religiosos sabiam que não tinham de que acusar Jesus, de modo que tentaram produzir evidências contra Ele usando falsas testemunhas.
18.24 Depois de ser interrogado por Anás, Jesus foi enviado a Caifás, o sumo sacerdote em exercício. Marcos registra que este interrogatório diante de Caifás incluiu todo o conselho judeu (Mc 14.53-65). Os líderes religiosos sabiam que não tinham de que acusar Jesus, de modo que tentaram produzir evidências contra Ele usando falsas testemunhas.