Explicação de João 16:1-33

Explicação de João 16:1-33

Explicação de João 16:1-33
16.3, 4 Aqueles que perseguiam os crentes o faziam por ignorância. Eles não conheceram ao Pai nem a Jesus. Eles não entendiam que Deus estava trabalhando por intermédio de Jesus; assim, quando rejeitavam a Jesus, também rejeitavam a Deus. Quando a perseguição verdadeiramente ocorresse, eles estariam preparados porque se lembrariam do que Jesus tinha dito. As predições de Jesus são válidas ainda hoje. O mundo ainda é hostil a Jesus e aos seus discípulos. Quando uma árvore da floresta fica mais alta do que as outras ela precisa suportar toda a força do vento. Quando os cristãos tomam o lado de Cristo nas suas culturas, eles sentirão toda a força da oposição. Jesus esperou até a última noite para avisar seus discípulos, porque Ele próprio tinha sido a sua proteção desde o início. Jesus tinha desviado para si qualquer oposição aos discípulos. Mas depois que Ele fosse crucificado, a perseguição passaria para os seus seguidores e se concentraria nestes homens, no seu grupo mais próximo.

16.5, 6 O verbo pergunta está no tempo Jesus estava indo. Neste versículo, Jesus estava presente; do contrário, esta afirmação estaria esperando uma reação imediata às suas palavras em contradição com 13.36 e 14.5. Os a respeito da sua partida. Mas em lugar de discípulos perguntaram (passado) onde perguntar “Para onde você está indo?” quando Jesus estava pronto para responder, eles se encheram de tristeza. Embora os discípulos já tivessem falado anteriormente com Jesus sobre a sua morte (veja 7.33,34), eles nunca tinham verdadeiramente entendido o seu significado, porque estavam muito preocupados consigo mesmos. Se Jesus se fosse, o que aconteceria com eles? Se tivessem perguntado para onde Jesus iria, e então tivessem compreendido que Ele ia para junto do Pai, eles não teriam ficado tão entristecidos - teriam percebido que a partida de Jesus era para o bem deles.

16.7 Sem a morte e a ressurreição de Jesus nós não podemos ser salvos. A sua morte possibilitou a remoção dos nossos pecados. Antes que Jesus pudesse derrotar a morte com a sua ressurreição, Ele tinha que submeter-se à morte. E se Ele não voltasse para o Pai, o Consolador, o Espírito Santo, não viria da maneira como Deus tinha planejado (7.39). Depois da sua glorificação - por meio do processo da crucificação, ressurreição e ascensão - Jesus poderia enviar o Espírito aos crentes. A presença de Cristo na terra estava limitada a um lugar por vez. A sua partida significava que Ele poderia estar, por meio do Espírito Santo, em cada crente do mundo inteiro. Assim, era para o bem deles que Ele tinha que partir. O Espírito poderia realizar a obra de Jesus num nível mais intenso por toda a história da igreja. Por meio do Espírito, o Evangelho seria pregado em todo o mundo.

16.8-11 Convencer quer dizer “expor os fatos, convencer alguém da verdade, acusar, refutar ou interrogar uma testemunha”. O pecado do mundo é a falta de fé em Jesus. O maior pecado é a recusa em crer em Jesus (3.18). Aqueles que rejeitam a Jesus estão correndo o risco da separação eterna de Deus. A justiça está disponível às pessoas porque Jesus foi para o Pai. A função do Espírito será mostrar a todas as pessoas que somente Cristo fornece o padrão da justiça de Deus. O Espírito Santo deve fàzer os incrédulos reconhecerem o padrão perfeito de Deus antes de admitir a sua própria deficiência. Isto também pode significar que o Espírito irá mostrar ao mundo a inutilidade do fanatismo religioso. O Espírito Santo mostra a inadequação dos cerimoniais e dos rituais quando o objetivo e proporcionar um bom relacionamento com Deus (veja Mateus 5.20; Rm 10.3; Filipenses 3.6-9). O Espírito irá mostrar que, por meio da morte e ressurreição de Cristo, já o príncipe deste mundo está julgado e condenado. Embora Satanás ainda se esforce ativamente para insensibilizar, intimidar e iludir os que estão neste mundo (1 Pe 5.8), nós devemos tratá-lo como um criminoso condenado, pois Deus determinou a ocasião da sua execução (veja Apocalipse 20.2,7-10).

Condenar-nos pelo nosso pecado, convencernos da justiça de Deus e convencer-nos do julgamento iminente de Satanás (e também do nosso) descreve três abordagens usadas pelo Espírito Santo. Nem todos nós precisamos das três para nos convencer de que precisamos da graça de Deus. O Espírito Santo não esmaga aqueles que somente precisam de um toque. Alguns são simplesmente mais teimosos e resistentes do que outros. Deus demonstra sua graça, vindo a cada um de nós com o nível de persuasão necessário, para que respondamos de forma positiva.

16.12 Depois de ter indicado o que o Espírito estará fazendo no mundo (16.7-11), Jesus disse aos discípulos o que o Espírito estará fazendo nos crentes. Mas muito do que Jesus disse aos discípulos não ficaria claro para eles até os eventos da crucificação e da ressurreição. Jesus queria dizer-lhes mais coisas, mas eles não podiam suportar ouvi-las agora.

16.13 O papel fundamental do Espírito da verdade é guiar os crentes em toda a verdade. Com verdade Jesus se referia à verdade sobre a sua identidade, a verdade das suas palavras e a verdade sobre tudo o que iria acontecer com Ele. Com o tempo, eles iriam compreender completamente que Ele era o Filho, vindo do Pai, enviado para salvar as pessoas dos pecados que praticavam. Mas somente depois da ocorrência destes eventos, e somente por meio da orientação do Espírito Santo, os discípulos seriam capazes de entender. O Espírito Santo é a orientação verdadeira para todos os crentes; a sua tarefa principal é instruirnos a respeito da verdade (1 Jo 2.20). Os discípulos não tinham recebido poder de predizer o futuro - isto é, os eventos da crucificação, ressurreição, ascensão e talvez a segunda vinda, mas o Espírito lhes anunciaria o que haveria de vir. Os discípulos não compreenderiam plenamente até que o Espírito Santo viesse depois da morte e ressurreição de Jesus. Então, o Espírito Santo iria revelar aos discípulos verdades que eles iriam escrever nos livros que agora formam o Novo Testamento.

16.14 O Espírito não se glorifica a si mesmo; em lugar disto, Ele glorifica o Filho. O Espírito revela aos crentes quem é Deus. Ao fazer isto, Ele individualiza os ensinos de Cristo e convoca as pessoas à obediência. O Espírito Santo nos faz desejar aplicar as palavras de Cristo, nos ensina como fazê-lo e
então nos ajuda a fazê-lo!

16.15 Jesus explicou que o Espírito Santo trabalha em completa submissão ao Pai e ao Filho, e em harmonia com eles. O Espírito revela o Filho aos crentes. Ao revelar o Filho, o Espírito também está revelando o Pai porque todos os atributos do Filho são também atributos do Pai. “Tudo quanto o Pai tem é meu”. Assim o Espírito revela aos crentes o que Ele recebe do Filho que, por sua vez, expressa o Pai. Esta imagem verbal do que não pode ser completamente visto pelos seres humanos finitos nos ajuda a compreender a profunda unidade de Deus.

Aquilo que chamamos de Doutrina da Trindade é um resumo do que Jesus ensinou sobre o seu relacionamento com o Pai e o Espírito. Sem diminuir de forma alguma a assombrosa revelação de Deus como um só, Jesus demonstrou que a unidade de Deus é ao mesmo tempo uma trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Deus existe em uma harmonia perfeita e completa, e ao mesmo tempo funciona na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eles são um só, e se relacionam um com o outro. Eles estão além da nossa compreensão perfeita; mas eles se revelaram graciosamente a nós para que possamos crer, confiar, e ser salvos!

16.16-19 Jesus estava se referindo à sua morte (“Não me vereis”), dentro de poucas horas, e à sua ressurreição (“ver-me-eis”) três dias mais tarde. Mas os discípulos não entenderam, de modo que ficaram tristes e perplexos. Eles continuaram se perguntando o que Jesus poderia estar querendo dizer. Jesus já tinha dito aos discípulos que Ele iria para o Pai e retornaria para junto deles depois da sua ressurreição (capítulo 14), mas eles não compreenderam.

16.20-22 Seguindo esta explicação sobre o intervalo entre a sua partida e a sua volta, Jesus usou uma figura de linguagem para mostrar o quão rapidamente a tristeza dos discípulos se converteria em alegria: “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já se não lembra da aflição”. Os discípulos iriam se lamentar pelo seu Mestre crucificado, e o mundo (a multidão de pessoas que se opunham a Jesus) iria se alegrar pelo fato do Senhor ser, finalmente, silenciado. Mas, a tristeza dos discípulos iria se transformar em alegria quando vissem o seu Senhor ressuscitado. Além disto, o Espírito Santo os ajudaria a entender o verdadeiro objetivo da crucificação e da ressurreição de Cristo - a salvação dos pecados e a vida eterna para todo aquele que crer! Na verdade, eles iriam se regozijar e ninguém poderia tirar-lhes essa alegria.

16.23, 24 A expressão “Naquele dia” se refere ao período de tempo subsequente à ressurreição de Jesus. A partir daquele dia, quando tivessem um pedido, os crentes poderiam pedir diretamente ao Pai (veja 14.13,14; 15.7). Este era outro lembrete de que Jesus não ficaria na terra indefinidamente depois de ressuscitar dos mortos. Os pedidos feitos em nome de Jesus são os pedidos que o crente sabe que Jesus teria prazer em responder, e que estão de acordo com a vontade do Pai. Qualquer pedido assim será concedido. A oração atendida traz alegria abundante - pergunte a qualquer crente! Jesus incentiva os discípulos a pedir, para que eles possam receber e ter alegria plena e completa
(veja também 1 João 5.13-15).

16.25-27 Predições específicas sobre eventos futuros teriam sido excessivas para os discípulos a esta altura (16.12,13), portanto Jesus lhes falou por parábolas. Depois que Jesus ressuscitasse, entretanto, os discípulos receberiam um relacionamento novo e vivo com o Pai (veja 20.19). Por meio do Espírito Santo, Jesus lhes falaria abertamente acerca do Pai (16.13-15). Os discípulos teriam um acesso pessoal e direto ao Pai. Jesus não teria que fazer os pedidos por eles; eles iriam diretamente a Deus, pedindo em nome de Jesus. Jesus não estava deixando de nos representar diante do Pai. Ele ainda intercede por nós (Rm 8.34; Hb 7.25). Jesus estava preparando os discípulos para a realidade de que a sua morte lhes permitiria o acesso direto ao Pai em oração, e que eles precisavam utilizá-la (Hb 10.19-25)! O Pai responderia aos discípulos porque, como disse Jesus: “o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes e crestes que saí de Deus”. Todos os que amam a Jesus, e creem nele como o Filho de Deus, são amados pelo Pai. Por quê? Porque eles amaram a quem o Pai muito ama. Deus se lembra da nossa fidelidade para com o seu Filho, Jesus Cristo. Jesus não só incentiva os discípulos a amá-lo e a permanecer fiéis, mas também nos lembra de como a nossa fidelidade é verdadeiramente essencial.

16.28-30 Nesta sentença, Jesus descreveu claramente toda a sua missão - Ele foi encarnado (sai do Pai), foi feito um ser humano para assegurar a salvação dos seres humanos (vim ao mundo), e ressuscitaria da morte e subiria de volta à glória de onde tinha vindo (vou para o Pai).

Os discípulos finalmente perceberam que Jesus tinha estado falando da sua partida para ir para o Pai. Então, disseram: “cremos que saíste de Deus”. As predições repetidas de Jesus sobre a sua morte, ressurreição e ascensão iminentes (7.33; 10.11-18; 12.23,24,30-36; 13.18-38; 14.1-5,15-31; 16.5-7) finalmente penetraram nos discípulos. Agora, eles estavam convencidos de que o conhecimento de Jesus sobre eventos futuros o identificava inquestionavelmente como o Filho de Deus, vindo de Deus. Os discípulos creram nas palavras de Jesus porque estavam convencidos de que Ele sabia tudo. Ele até mesmo sabia as perguntas que estavam nas suas mentes antes que eles as formulassem (16.19). Eles estavam fazendo uma afirmação, não a respeito do seu próprio conhecimento, mas a respeito do conhecimento dele. A onisciência de Jesus era outra prova da sua divindade. Mas a sua fé era apenas o primeiro passo em direção à fé duradoura que iriam receber quando o Espírito Santo viesse morar em cada um deles.

16.31, 32 A exasperação implícita na afirmação é mais bem traduzida por “Finalmente, vocês creem!” Os discípulos tinham dado um pequeno, mas verdadeiro, passo rumo ao entendimento. Jesus continuou a dizer-lhes o que iria acontecer para que a sua fé fosse fortalecida no final: “Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só”. A palavra dispersos alude à profecia em Zacarias 13.7. Como foi predito, os discípulos abandonaram a Jesus quando Ele foi preso (Mt 26.56; Mc 14.50). Mesmo tendo sido abandonado pelos seus discípulos, Jesus nunca esteve completamente sozinho. Como tinha dito anteriormente (8.29), aqui Jesus diz “mas não estou só, porque o Pai está comigo”. 

16.33 Em uma nota final de encorajamento, Jesus prometeu aos discípulos paz por meio da união com Ele - pois Ele venceu o mundo ao ressuscitar dos mortos. O mundo, o sistema de Satanás que é contrário a Deus, irá causar aos crentes muitas aflições. Mas Jesus derrotou o sistema de Satanás, obteve a vitória e venceu o mundo. Antes da sua própria aflição, Jesus já podia falar de uma missão cumprida. Isto acrescenta impacto à sua vitória sobre Satanás, uma vez que Ele não só a obteve, mas também a predisse! Os discípulos poderiam alegrar-se continuamente com a vitória porque estavam no time vencedor.

Jesus resumiu tudo o que lhes tinha dito esta noite, unindo temas de 14.27-29,16.1-4e 16.9-11. Com estas palavras Ele disse aos discípulos que tivessem coragem. Apesar das lutas inevitáveis que teriam,
eles não estariam sós. Assim como o Pai de Jesus não o deixou sozinho, Jesus também não nos abandona nas nossas lutas. Se nos lembrarmos de que a vitória definitiva já foi obtida, podemos reivindicar a paz de Cristo nos tempos mais conturbados. Jesus quer que tenhamos paz.