Explicação de João 15:1-17

Explicação de João 15:1-17


Explicação de João 15:1-1715.1, 2 A videira é uma planta produtiva; uma única videira produz muitas uvas. No Antigo Testamento, as uvas simbolizavam a fertilidade de Israel na realização da obra de Deus na terra. Os profetas tinham escrito que Israel era a videira de Deus, cuidadosamente plantada e cuidada. Mas a videira trazia um desapontamento, porque produzia somente frutos estragados; isto é, o povo se recusava a dar a Ele amor e obediência. Isto é descrito de modo muito vívido e penetrante em Isaías 5.17, uma passagem que Jesus parece ter utilizado aqui (veja também Jeremias 2.2,21; 6.9; Ezequias 15; 17.5-10; 19.10-14; Os 10.1; 14.7). Jesus, com todos os crentes “estando” nele, é a videira verdadeira — a verdadeira concretização do plano de Deus para o seu povo (veja SI 80.8-17). 

A nova sociedade do povo de Deus - os cristãos - se origina de Cristo e está unida a Ele como os ramos de uma videira. Deus é o lavrador, que cultiva a videira e as varas. Os crentes, tanto os sinceros como os falsos, são retratados aqui como as varas (os ramos).

Os ramos produtivos são os crentes sinceros que, por meio da sua viva união com Cristo, produzem muitos frutos. Mas esta união pode ser interrompida. O Pai tira toda vara que não dá fruto. Aqueles que se tornam improdutivos - aqueles que deixam de seguir a Cristo depois de assumir um compromisso superficial - serão separados da videira (veja

15.6 para mais comentários sobre a identidade específica dos ramos improdutivos). Os seguidores improdutivos são como ramos mortos e serão arrancados e lançados fora. O fruto não se limita à conquista da alma. Neste capítulo, orações atendidas, alegria e amor são mencionados como frutos (15.7,11,12). As passagens em Gálatas 5.22-24 e 2 Pedro 1.5-8 descrevem frutos adicionais, explicados como sendo qualidades do caráter cristão.

Por outro lado, Deus limpa toda aquela vara que dá fruto, para que dê mais fruto. O agricultor bem sucedido sabe que podar, aparar os ramos aumenta a produção de frutos. A cada primavera o vinhateiro poda a videira até os ramos principais para melhorar a sua produtividade. Os crentes sinceros, os ramos frutíferos, serão “podados”, o que significa que Deus algumas vezes precisará nos disciplinar para fortalecer o nosso caráter e a nossa fé. Mas os ramos que não derem frutos serão “arrancados” do tronco e completamente descartados porque não têm valor e freqüentemente infectam o restante da planta. As pessoas que não dáo frutos para Deus, ou que tentam impedir os esforços dos seguidores de Deus, seráo arrancadas e desligadas do seu poder que dá a vida.

15.3,4 A imagem que Jesus dá aqui nos leva a um nível diferente. Esta poda é espiritual, afastando a contaminação do pecado. Este versículo indica que os discípulos já estão limpos (podados) porque tinham aceitado a palavra de Deus; eles já estavam prontos para dar fruto. Mas não foi assim com Judas, o traidor; ele não estava limpo - portanto, foi um daqueles ramos arrancados. Os crentes devem estar em Jesus, a videira, e Ele estará em nós. Um ramo de videira pode sobreviver e produzir folhas durante algum tempo depois de não estar na videira, mas não pode dar fruto a menos que continue conectado a um ramo principal. Assim como Jesus tinha uma dependência viva com o Pai (veja 6.57),
também os crentes em Jesus precisam ter uma dependência viva dele. “Estar”, para os discípulos e para todos os crentes hoje em dia, significa tomar uma decisão constante, em todos os momentos, de seguir a Cristo. E não devemos ser passivos - os crentes não devem simplesmente sentar-se e “estar” até morrer. Ao contrário, devemos ser ativos - temos muito que fàzer.

15.5, 6 Todo ramo que continua a estar na videira dá muito fruto. Este “fruto” poderá ser novos convertidos (15.5), ou “o fruto do Espírito” (veja Gálatas 5.22), ou ambos. O fruto do Espírito exibido em nossas vidas atrairá mais pessoas a Jesus e conseqüentemente fará delas novos membros da videira de Deus. A ênfase de Jesus aqui não estava nas nossas inadequações. O objetivo era nos lembrar da evidente com Ele. Sem Ele nada poderemos fazer. Cada ramo que não continua na videira é removido dela. O ramo parece fisicamente ligado, mas não é mais uma parte orgânica da planta, porque não participa no fluxo de vida da videira. Mais cedo ou mais tarde, esse ramo irá desprender-se e terá que ser lançado fora. Três interpretações tradicionais tentaram identificar quem seria representado por essas varas inúteis:

1. Para alguns, esses ramos são os crentes sinceros que perderam a sua salvação porque foram arrancados de Cristo.

2. Para outros, estes ramos queimados são os cristãos que irão perder as recompensas, mas não a salvação, no dia do julgamento (1 Co 3.15). Mas isto provavelmente não é verdade, porque Jesus estava falando de ramos mortos.

3. Outros, ainda, opinam que estes ramos queimados se referem àqueles que professam ser cristãos, e que, como Judas Iscariotes, não estão verdadeiramente salvos e, portanto, são julgados. Judas, um discípulo de Jesus, parecia um ramo, mas não tinha realmente fé. 

Conseqüentemente, ele foi arrancado; o seu destino foi como o de um ramo morto. Devido à preocupação de João de fazer dos seus leitores discípulos comprometidos, e devido ao objetivo de Jesus de trazer as pessoas a um relacionamento continuado consigo mesmo, esta opinião apresenta um equilíbrio saudável. Ela conserva a decisáo do destino como sendo responsabilidade de Deus, e ao mesmo tempo preserva uma ênfase na nossa responsabilidade de “estar” no relacionamento. De qualquer forma, o versículo não pretende criar mais desconforto e dúvida, mas sim ensinar a importância da ligação diária com Cristo.

15.7,8 Os verdadeiros discípulos fazem mais do que simplesmente crer no que Jesus diz; eles vivem de maneira que as palavras de Jesus estejam neles. Assim, eles podem pedir tudo o que quiserem a Ele e será feito. Nesta passagem, e também em 14.13,14, “pedir a Deus” está relacionado com a produção de frutos e com fazer grandes coisas para Deus. Quando um crente está em Cristo, e as palavras de Cristo estão nele, as orações desta pessoa serão atendidas. Isto não significa que todos os pedidos serão atendidos - pois o contexto sugere que as orações devem estar relacionadas com a produção de frutos (ajudar os outros a terem fé, ou mostrar mais do fruto do Espírito na sua própria vida) e com a glorificação do Pai. Para ser um discípulo, uma exigência importante é a de dar frutos para o Senhor. E para orar por resultados, é necessário estar em Cristo. Pois quando estamos em Cristo, nossos pensamentos e desejos estão de acordo com os dele, e podemos “pedir” em seu “nome” (14.13), sabendo que os nossos pedidos agradam a Deus. Nós podemos ter certeza, então, de que qualquer coisa que pedirmos será feita.

Uma videira que produz muito fruto glorifica a Deus, pois Ele envia diariamente a luz do sol e a chuva para fàzer crescer as colheitas, e nutre constantemente cada planta, preparando-a para florescer. Que momento de glória será para o Senhor quando a colheita for trazida aos celeiros, madura e pronta para usar! Ele fez isto acontece r! Esta analogia agrícola mostra como Deus é gjorificado quando estamos em um relacionamento correto com Ele e começamos a “dar muito fruto” em nossas vidas.

15.9 Os crentes devem estar em Jesus (15.4), as palavras de Jesus devem estar neles (15.7) e eles devem permanecer no seu amor. Que o Filho nos ama da mesma maneira como o Pai nos ama significa que nós recebemos o maior amor possível. Devemos reagir com total dedicação, comprometimento e obediência.

15.10 Nós podemos permanecer no amor de Jesus obedecendo às suas ordens - exatamente como Ele obedecia às ordens do seu Pai. Se fizermos isso, iremos sentir a alegria diária da obediência ao nosso Senhor. O próprio Jesus exemplificou dois comportamentos importantes para os verdadeiros discípulos: (1) como Ele obedecia aos mandamentos do seu Pai, nós podemos guaidar os seus; (2) e Ele nos amou, conseqüentemente, nós devemos amar uns aos outros. Jesus não somente nos diz o que fazer; Ele nos mostra isto na sua vida.

15.11 Jesus não chama os cristãos para uma existência enfadonha, consistindo de ser odiado pelo mundo, de obedecer a mandamentos, e de esperar chegar ao céu. Ao contrário, Ele nos oferece a plenitude do gozo! Nada mais, em todo o mundo, pode trazer a alegria que encontramos em servir a Cristo, em permanecer nele e obedecê-lo.

15.12,13 Jesus ordenou aos discípulos que se amassem uns aos outros, como Ele os amou. A maior expressão de amor que as pessoas podem ter umas pelas outras é darem a própria vida umas pelas outras - exatamente como Jesus fèz por aqueles a quem amou. Devemos nos amar uns aos outros sacrificialmente, como Jesus nos amou. Ele nos amou o suficiente para dar a sua vida por nós (veja Rm 5.7,8). Podemos não precisar morrer por alguém, mas podemos exercer o amor sacrificial de muitas outras maneiras: ouvindo, ajudando, incentivando, dando. Às vezes não sentimos amor por todos. Algumas pessoas são difíceis de amar, mas ainda assim nós recebemos o mandamento de agir com amor para com os nossos companheiros crentes.

15.14,15 Naqueles dias, os discípulos de um rabino eram considerados seus servos. Jesus modificou esse relacionamento; os discípulos não eram seus servos, mas seus amigos. Jesus os considerava amigos porque Ele lhes havia dito tudo o que tinha ouvido do Pai. Isto mostra que Jesus confiava neles - confiava que eles podiam receber estas informações e transmiti-las aos demais; esta seria a propagação do Evangelho. Na verdade, Ele os tinha escolhido e indicado para este tarefa.

15.16 Jesus escolheu estes discípulos e os nomeou para que transmitissem o Evangelho e dessem fruto para o reino de Deus. O Senhor escolhe cada crente para ser um ramo da videira - um ramo que dá fruto que permanece. O fruto que permanece, ou dura, significa os novos crentes cuja fé persevera, ou a qualidade duradoura do fruto do Espírito - especialmente o amor fraternal. Assim, Jesus feia sobre fazer pedidos ao Pai: “... tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda”. Como nos versículos 7-8, Jesus uniu o ato de fazer o pedido com a produção de fruto. O Pai pode atender os seus pedidos para ajudá-los a realizar a missão que Ele lhes deu - produzir “fruto que permaneça”.

15.17 Este versículo resume o tema que Jesus introduziu no versículo 12 e também serve como um contraste para o que vem a seguir. Os discípulos deveriam amar uns aos outros porque eles iriam levar a mensagem de Jesus a um mundo que os desprezava. Os cristãos despertam muito ódio no mundo; nós precisamos do amor e do apoio dos outros.