Explicação de João 11:38-57

Explicação de João 11:38-57
Explicação de João 11:38-57

11.38, 39 João mais uma vez nos diz que Jesus moveu-se muito em si mesmo (veja 11.33). Lázaro estava sepultado em uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela. Os túmulos nesta época eram geralmente cavernas escavadas nas rochas de calcário, nas encostas dos montes. Um túmulo era freqüentemente grande o suficiente para que as pessoas andassem em seu interior. Vários corpos seriam colocados em um mesmo túmulo. Após o sepultamento, uma grande pedra seria rolada e colocada na entrada do túmulo. Este local de sepultamento era semelhante àquele no qual Jesus seria sepultado. Jesus disse à multidão, “Tirai a pedra”. Quando Jesus pediu que a pedra fosse removida, Marta protestou.

11.40 O propósito de todo o evento era que Jesus mostrasse a glória de Deus. Jesus proclamou este propósito a partir do momento em que soube da enfermidade de Lázaro (11.4). Para que o milagre ocorresse, e para que Deus fosse glorificado através dele, as irmãs teriam que crer o suficiente para mandar que a pedra fosse removida da entrada do túmulo.

11.41-44 Enquanto a multidão aguardava ao lado do túmulo - com a pedra agora removida de sua entrada—Jesus louvou a Deus Pai em alta voz, publicamente, para que, ao testemunhar o milagre de ressurreição, o povo pudesse crer em Jesus. A sua oração não foi uma petição, mas uma oração de agradecimento ao Pai. Jesus sabia que o seu pedido seria respondido. Então Jesus clamou com grande voz, “Lázaro, vem para fora!” A voz de Jesus é potente e vivificante. Lázaro comprovou as palavras anteriores de Jesus: “Os mortos ouvirão a minha voz... e os que a ouvirem viverão” (5.25). Mediante as palavras de Jesus, Lázaro saiu. Ele estava completamente ligado com faixas. Não havia dúvida de que um homem morto havia voltado à vida. O milagre não era só a ressurreição de Lázaro. Depois de quatro dias, o corpo teria se decomposto seriamente. O corpo de Lázaro foi ressuscitado e restaurado. Jesus lhes disse, “Desligai-o e deixai-o ir!”

11.45,46 As palavras e as obras de Jesus, ainda hoje, dividem as pessoas em dois grupos - crentes e incrédulos. Muitas pessoas podem ver o mesmo evento miraculoso, e serem afetadas de uma forma diferente. A ressurreição de Lázaro foi assombrosa para muitos, de forma que muitas das testemunhas creram em Jesus como o Messias. Contudo, outros espectadores judeus não creram em sua verdadeira identidade; eles foram contar aos fariseus - que estavam procurando uma razão para matar Jesus - o que havia acontecido (7.1,19,25; 8.37,40).

11.47 O conselho era a mais elevada autoridade dominante entre os judeus na Judéia. Ele era formado por setenta e um membros: O sumo sacerdote presidindo sobre setenta líderes religiosos, a maioria dos quais era composta por saduceus, e a minoria por fariseus. “Que faremos?” eles perguntaram. O diálogo que se segue aponta claramente para a pura oposição dos líderes judeus a Jesus. João captou a ironia de sua conversa, pois usaram declarações verdadeiras para chegar a conclusões equivocadas.

11.48 Era costume de Roma permitir que os povos conquistados continuassem com as suas práticas religiosas, desde que elas não levassem à rebelião contra Roma. Os milagres de Jesus, porém, freqüentemente causavam um distúrbio. Se toda a população judaica seguisse Jesus como o seu Messias-Rei, os líderes temiam que o exército romano tirasse os seus privilégios limitados de autogoverno, e também destruísse o Templo e a nação (veja Atos 6.13; 21.28).

11.49-52 Caifás liderava os saduceus, os judeus da elite, cultos e ricos, que se mantinham em bons termos com Roma. Jesus era uma ameaça especial para as suas posições de liderança tranquilas e seguras sobre a vida religiosa da Judeia. Caifás era orgulhoso e impiedoso. A sua política habitual era
remover qualquer ameaça ao seu poder por quaisquer meios necessários. Para ele, a morte de Jesus não era um “se”, mas um “quando, onde e como”.

Visto que Caifás servia como sumo sacerdote há dezoito anos (18-36 d.C), a expressão aquele ano refere-se ao ano em que Jesus foi crucificado. A função de sumo sacerdote foi originalmente instituída por Deus como uma posição vitalícia (Números 35.25), mas, os romanos não queriam que nenhuma pessoa se tornasse poderosa demais, então nomeavam sumos sacerdotes e os substituíam nesta posição sempre que entendiam ser necessário fazê-lo. Caifás foi convencido de que nada menos do que destruir Jesus salvaria Israel de ser destruída por Roma. A vida de uma pessoa era considerada barata e sacrificável quando se considerava que a nação estivesse em perigo. Deus usou as palavras deste homem para expressar uma profecia inconsciente, porém de proporções universais: “Convém que um homem morra pelo povo”. Um homem tinha que morrer a fim de que o mundo pudesse ser salvo.

As palavras de Caifás eram realmente uma profecia. Embora a sua intenção fosse pecaminosa, Deus o usou para indicar que Jesus devia morrer pela nação. Além disso, Caifás não disse isso de si mesmo; ele foi inspirado a dizê-lo. A ironia da declaração de Caifás que João não quis que seus leitores perdessem, foi que a morte de Jesus, que no pensamento daquele homem tinha a finalidade de poupar a nação de Israel da destruição física, teria, na verdade, a finalidade de poupar Israel da destruição espiritual. No final, a morte de Jesus teve o propósito de reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.

11.53 Os líderes judeus erravam nas implicações proféticas da declaração de Caifás, e desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem. Mas até mesmo os líderes maus - não importa por quanto tempo tenham o poder, ou quão perversas sejam as suas ações - estão sempre sob o controle de Deus. 

11.54 Ciente do complô contra a sua vida, Jesus se retirou dali para a terra junto do deserto. Efraim pode ter tido a mesma localização de Ofra, nas proximidades de Betei (veja 2 Crônicas 13.19). Jesus e seus discípulos permaneceram ali até a época da Páscoa.

11.55-57 Esta Páscoa provavelmente ocorreu em 30 d.C., o ano da morte de Jesus. Todos aqueles que estavam em Jerusalém durante a celebração da Páscoa, sabiam que os principais dos sacerdotes e os fariseus queriam prender Jesus. Além disso, estavam sob ordens estritas de relatar o paradeiro de Jesus. Jesus faria a sua entrada triunfal em meio a este cenário de tensão (12.12ss.).