Explicação de João 10:22-42

Explicação de João 10:22-42
Explicação de João 10:22-42

10.22, 23 Alguns meses haviam se passado desde o último ensino de Jesus ao povo em 7.1-10.21. Aquele ensino tinha ocorrido durante a Festa dos Tabernáculos em setembro/outubro; as palavras que viriam ocorreram na celebração da Festa da Dedicação em dezembro, no inverno. Esta celebração não pertencia às festas oficiais do Antigo Testamento. Ela foi instituída por Judas Macabeus em 165 a.C. para comemorar a purificação do Templo depois que Antíoco Epifânio o tinha contaminado sacrificando um porco no altar do holocausto (veja 1 Macabeus 4.36-59; 2 Macabeus 1.9; 10.1-8). Esta também é a atual Festa das Luzes chamada de Dedicação (Flanukkah). Jesus estava em Jerusalém passeando no alpendre de Salomão, um pórtico coberto com altas colunas de pedra localizado no lado oriental do Templo. Tinha o nome de Salomão, porque se acreditava que este repousava sobre porções do Templo original construído por Salomão. Estes eram lugares comuns para o ensino, portanto teria sido um lugar apropriado para Jesus estar andando e provavelmente ensinando enquanto caminhava.

10.24 Muitas pessoas que pedem uma prova fazem isto por motivos errados. Jesus nunca tinha dito claramente aos judeus em Jerusalém que Ele era o Messias, porque isto sugeria um líder militar ou libertador político para eles. Portanto, Jesus sabiamente evitou usar este termo. A maioria destes inquiridores não queria seguir Jesus da maneira que Ele queria liderá-los. Eles só esperavam que Jesus fosse se declarar como sendo o Messias, se pretendesse dar prosseguimento ao plano político deles, expulsando os romanos. Assim, eles queriam ouvir uma declaração aberta dos lábios de Jesus: “Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente”.

É duvidoso, porém, que uma simples declaração os teria convencido, porque eles já haviam tomado uma decisão sobre esta questão. Alguns deles esperavam que o Senhor fosse se identificar, para que eles pudessem acusá-lo de dizer mentiras, ou de blasfêmia (veja 10.31,33,39).

10.25, 26 Embora Jesus nunca lhes tenha dito “Eu sou o Messias,” Ele havia claramente indicado a sua unidade com Deus Pai (5.17ss.) e a sua origem celestial (6.32ss.). Além disso, a prova estava naquilo que Ele estava fazendo em nome de seu Pai. Os milagres de Jesus deveriam tê-los convencido de que Ele era o Messias (veja Isaías 35.3-6).

João se refere à ilustração que Jesus usou meses antes, em que Ele era o “bom pastor” (10.3-9,16). Aqui, Jesus disse aos líderes judeus que o rodeavam: “Vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas”. Somente aqueles que foram dados a Jesus pelo Pai (10.29) eram as suas ovelhas.

10.27-29 Jesus fala sobre aqueles que creem nele, e que pertencem às suas ovelhas: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos”. Nesta grande declaração, Jesus resumiu as bênçãos daqueles que verdadeiramente ouvem e creem no Evangelho. O crente em Jesus conhece-o pessoalmente, tem a vida eterna, não perecerá, e está seguro do seu cuidado. Mas muitos daqueles que ouviram não tinham a intenção de ouvir verdadeiramente. Também é verdade que aqueles que se recusam a ouvir a voz de Jesus não são suas ovelhas. Nós reconhecemos a voz de Jesus quando Ele fala conosco através da Bíblia Sagrada. Estamos ouvindo verdadeiramente? Eles não podem ser arrebatados porque o Pai os deu a Jesus, e o Pai é mais poderoso do que qualquer outra pessoa. O poder de Deus guarda e preserva o rebanho para a salvação.

10.30 Não há nenhum equívoco na declaração de Jesus: “Eu e o Pai somos um”. Jesus não quis dizer que Ele e o Pai sejam a mesma pessoa, porque a palavra para “um” em grego é neutra. O Pai e o Filho são duas pessoas na Trindade, mas eles são um em essência. Dada esta unidade essencial, o Pai
e o Filho agem como uma única pessoa - o que o Pai faz, o Filho faz, e vice-versa. Esta é uma das afirmações mais claras da divindade de Jesus em toda a Bíblia Sagrada. Jesus não é meramente um bom mestre - Ele é Deus. A sua reivindicação de ser Deus era inequívoca. Os líderes religiosos queriam matá-lo porque as suas leis diziam que qualquer pessoa que reivindicasse ser Deus deveria morrer por ter blasfemado. Nada poderia persuadi-los de que a reivindicação de Jesus era verdadeira.

10.31-33 Pela terceira vez (veja 5.17-18; 8.58,59), estes judeus queriam matar o Senhor, acusando-o de ser “blasfemo” (Levítico 24.11- 16). Mas Jesus conteve o ato violento deles lhes perguntando, “Tenho-vos mostrado muitas obras boas... por qual dessas obras me apedrejais?” Os judeus responderam que não estavam apedrejando-o por nenhuma boa obra, mas porque Ele, um mero homem, havia declarado que era Deus. Embora não cressem nele, entenderam que Ele estava reivindicando a igualdade com Deus.

10.34-36 O termo “lei” é freqüentemente usado no Novo Testamento para abranger todo o Antigo Testamento. Dizendo “vossa lei”, Jesus estava afirmando ter a mesma base comum de seus acusadores, porque todos eles concordavam que a Escritura não pode ser anulada. Jesus usou o Salmo 82.6, onde os juizes israelitas são chamados de deuses (veja também Êxodo 4.16; 7.1) para se opor à acusação dos judeus de blasfêmia. No Salmo 82, é dito que o Deus supremo se levanta em juízo contra aqueles a quem Ele chama de “deuses”, porque haviam fracassado em ser justos com os desamparados e oprimidos. Estes “deuses” eram aqueles que eram os representantes e agentes comissionados oficiais de Deus; eles eram os juizes que estavam executando o juízo por parte de Deus. Se eles foram chamados de “deuses”, como poderiam classificar como blasfêmia a ocasião em que o Santo que foi enviado ao mundo pelo Pai chama a si mesmo de o Filho de Deus. Isto é especialmente importante quando observamos que, de fato, Ele era aquele que o Pai havia santificado e enviado ao mundo.

10.37-39 Esta declaração sublinha a reivindicação de Jesus de unidade com o Pai: “O Pai está em mim, e eu, nele” (veja 14.10,11; 17.21). Jesus lhes disse para não crerem a menos que Ele estivesse fazendo a obra do Pai. Mas se eles o vissem fazendo a sua obra, então deveriam crer no que Ele estava fazendo, mesmo que não cressem em suas palavras. As explicações de Jesus não mudaram a ideia dos judeus; eles tinham a intenção de apedrejá-lo por blasfêmia (10.31). Mas, quando tentaram prendê-lo, escapou. Mais uma vez Jesus demonstrou que o seu destino não seria determinado pela vontade das multidões ou pelas prioridades humanas. Mesmo quando a “sua hora” viesse, Deus estaria, em última instância, no controle. Os leitores de João, que podem ter enfrentado perseguição, teriam sido encorajados por este relatório. E nós precisamos deste mesmo encorajamento para que saibamos que Deus cuida de nós.

10.40-42 Jesus foi para o lado oriental do Jordão (veja 1.28). Esta era a sua última missão de pregação no interior, e a oportunidade final para que muitas pessoas respondessem  positivamente à sua mensagem. Jesus não voltou a Jerusalém até o dia em que Ele fez a sua Entrada Triunfal. O ministério de João Batista havia deixado uma impressão permanente sobre aqueles que o ouviram falar do Messias que viria. Aquilo que eles ouviram aqui, e viram em Jesus, confirmou em suas mentes a autenticidade das proclamações de seu precursor. Como resultado de ouvir o ministério profético de João, e então o próprio Messias, muitos creram nele.