Explicação de João 10:1-21

Explicação de João 10:1-21
Explicação de João 10:1-21

10.1, 2 A noite, o pastor freqüentemente reunia as ovelhas em um aprisco para protegê-las de ladrões, do mau tempo, ou de animais selvagens. Um aprisco de ovelhas poderia ser uma caverna, abrigo, ou uma área aberta cercada por muros feitos com pedras ou galhos, com 2,5 a 3 metros de altura. Às vezes a parte de cima do muro era revestida com espinhos para desencorajar predadores e ladrões. O fato de o aprisco ter uma única entrada facilitava a tarefa que o pastor tinha de vigiar o seu rebanho. Freqüentemente vários pastores usavam um único aprisco, e se revezavam guardando a entrada. Em cidades onde muitas pessoas possuíam cada uma delas algumas ovelhas, o rebanho combinado era vigiado por um pastor. A mistura dos animais náo era problema, uma vez que cada rebanho respondia prontamente à voz de seu próprio pastor.

A porta é a entrada principal. Jesus explicou que qualquer pessoa que tentasse entrar de qualquer outro modo que não fosse pela porta seria um ladrão - esta que esta “porta” representasse a posição do Messias, porque Jesus prosseguiu dizendo: “Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas”. Somente o pastor tem o direito de entrar no aprisco das ovelhas e chamar as suas próprias ovelhas para fora, para que o sigam.

Jesus repreendeu aqueles que reivindicariam liderar o povo de Deus sem considerar o Messias (que está em seu meio, mas não é reconhecido por elas). Tais líderes têm falsas ambições, desejos egoístas e más intenções. 

10.3-5 Quando o pastor chegava, ele chamava as suas próprias ovelhas pelo nome. Pelo fato das ovelhas reconhecerem a voz de seu pastor, elas vêm e o seguem, e saem para pastar.

O aprisco das ovelhas do judaísmo continha algumas pessoas do povo de Deus que tinham esperado pela vinda de seu Pastor-Messias (veja Isaías 40.1-11). Quando o Pastor veio, judeus crentes reconheceram a sua voz e o seguiram. Dizem que os pastores no oriente podiam dar nome a cada ovelha e que cada ovelha respondia ao pastor que chamava pelo seu nome. Os crentes verdadeiros, como ovelhas pertencentes ao verdadeiro Pastor, jamais seguiriam um estranho que fingisse ser o seu pastor (5.43).

10.6,7 Esta parábola tinha a finalidade de transmitir verdades espirituais, porém muitos não entenderam. Então Jesus explicou o significado simbólico da “porta” (10.7-10) antes de identificar o “pastor” (10.11-18). O pastor chamou suas ovelhas e as levou para a pastagem. Perto da pastagem fica outro lugar cercado para as ovelhas. Aqui o pastor se coloca na entrada, desempenhando a função da “porta”. As ovelhas podem sair para a pastagem ou ficar do lado de dentro dos muros do cercado. Para sair ou entrar é necessário passar pelo olhar vigilante do pastor.

Tendo percebido que eles não haviam compreendido o que Ele estava ensinando, Jesus disse aos seus ouvintes, “Eu sou a porta das ovelhas”. Como a porta, Jesus é o único caminho para a salvação e para a vida eterna (10.9; 14.6), e as suas ovelhas estão sob o seu cuidado vigilante. 

10.8,9 A referência a todos quantos vieram antes não foi dirigida aos santos e profetas do Antigo Testamento, mas àqueles que apareceram fingindo ser o Cristo (veja 5.43), ou que tinham levado o povo para longe de Deus. Pelo contexto imediato, vemos que Jesus também estava se referindo àqueles líderes religiosos judeus que não se importavam em absoluto com o bem-estar do povo, mas somente com as suas regras insignificantes e com a sua reputação (veja Mateus 23.13; 24.5). O tratamento que dispensaram a Jesus havia deixado claro que eles estavam muito mais comprometidos com o seu próprio sistema do que com a Palavra de Deus. Eles tinham inventado o seu próprio caminho, a sua própria entrada, e haviam elegido a si mesmos como porteiros. Jesus os lembrou de que qualquer outra suposta “porta” para a salvação é falsa.

Embora os falsos ensinadores, líderes e messias tenham seus seguidores, as ovelhas verdadeiras de Deus não ouvem a nenhum deles, porque nenhum deles possui a voz autêntica do Pastor. Pelo fato de Jesus ser o genuíno Messias, as ovelhas podem entrar por Ele e ser salvas. Isto aponta para a salvação espiritual e para a segurança espiritual. As ovelhas acham pastagens verdes não como resultado de sua busca diligente, mas pela provisão misericordiosa do Pastor.

10.10 O ladrão (como os falsos messias) têm más intenções. Jesus retratou um indivíduo cruel que começou tomando tudo o que podia, e então matando tudo o que não podia levar. Tudo o mais ele destruiu. O povo de Deus, Israel, tinha sofrido nas mãos de líderes iníquos, falsos profetas e falsos messias (veja, por exemplo, Jeremias 10.21,22; 12.10; Zacarias 11.4-17). Em contraste, Jesus dá vida em toda a sua plenitude para as suas ovelhas. Isto fala do dom da vida divina e eterna, uma vida que se torna o bem de todo crente hoje, e também na eternidade. Jesus daria às suas ovelhas esta vida eterna, que lhe custaria a própria vida.

10.11 Jesus é o Pastor zeloso e dedicado - o bom pastor. Como descrito nos versículos que se seguem, há quatro características que separam este Bom Pastor dos pastores falsos ou maus:

1. Ele se aproxima diretamente - Ele entra pela porta.

2. Ele tem a autoridade de Deus - o porteiro permite que Ele entre.

3. Ele atende as necessidades reais - as ovelhas reconhecem a sua voz e o seguem.

4. Ele tem amor sacrificial - Ele está disposto a dar a sua vida pelas suas ovelhas.

Repetindo isto quatro vezes, Jesus assinalou que o traço mais importante do bom pastor é que Ele dá a sua vida pelas ovelhas (10.11; veja também 15,17,18). De acordo com a ilustração neste capítulo, a vida de um pastor poderia às vezes ser perigosa. Animais selvagens eram comuns nos campos da Judeia. Um bom pastor podia certamente arriscar a sua vida para salvar as suas ovelhas.

10.12,13 O mercenário não possui um paralelo em particular, mas está na história como um contraste ao bom pastor. Por estar fazendo o trabalho apenas para ser pago, ele não tem um investimento nas ovelhas. Quando o lobo ataca, ele não arisca a sua vida - mas foge! Muito provavelmente, o termo “lobo” se refere aos falsos profetas ou a outros que se aproveitam do povo de Deus, as ovelhas (veja Atos 20.29).

Que diferença entre o bom pastor, e o ladrão e o mercenário! O ladrão rouba, mata e destrói; o mercenário faz o trabalho apenas pelo dinheiro, mas prontamente foge quando chega o perigo. O bom pastor é comprometido com as ovelhas. Jesus não está meramente fazendo um trabalho; Ele está comprometido em nos amar e até mesmo em dar a sua vida por nós.

10.14,15 Da mesma forma que o pastor chama as suas ovelhas, e elas seguem somente a ele, assim Jesus conhece o seu povo. Os seus seguidores, por sua vez, o conhecem como seu Messias, e eles o amam e confiam nele. Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”. E Jesus repetiu este ponto - que Ele é o Bom Pastor, e que Ele dá a sua vida pelas ovelhas.

10.16 Jesus já havia falado de conduzir as suas ovelhas para fora do aprisco do judaísmo. Todos os seus discípulos saíram deste aprisco, assim como todos aqueles judeus que vieram a crer nele como o seu Messias. Jesus sabia, porém, que Ele tinha outras ovelhas que não eram do judaísmo. Estes são os crentes gentios. Jesus veio para salvar tanto os gentios quanto os judeus. Esta é uma perspectiva de sua missão mundial - morrer pelas pessoas pecadoras em todo o mundo. O Bom Pastor veio para agregar o povo de Deus em um rebanho (Ezequiel 34.11-14,23). Os novos crentes gentios e os crentes judeus que deixaram o judaísmo formariam um único rebanho que estariam totalmente fora do judaísmo. O rebanho teria um pastor. Além disso, Jesus orou pela unidade de todos aqueles que cressem nele através da mensagem dos discípulos (17.20s).

10.17,18 O Pai amou o Filho por sua disposição de morrer a fim de assegurar a salvação dos crentes. Jesus deu a sua vida espontaneamente; e também foi espontaneamente que Ele decidiu reassumir a sua vida através da ressurreição. Quando Jesus disse, “Eu de mim mesmo a dou”, e que tinha “poder para tomar a tomá-la”, Ele estava reivindicando autoridade para controlar a sua morte e os eventos que a sucederiam. Os leitores originais de João precisavam se lembrar de que Jesus predisse especificamente a sua morte e ressurreição. Nós precisamos do mesmo lembrete. Jesus entregou a sua vida; ela não foi tirada dele. A autoridade que o Filho teve para dar a sua vida e para tornar a tomá,la não se originou de si mesmo; ela veio do Pai.

10.19-21 Alguns dos judeus incrédulos que ouviram Jesus, pronunciaram um juízo duplo contra Ele: “Tem demônio e está fora de si”. Jesus já tinha sido acusado de estar possuído por um demônio (7.20;
8.48), mas esta é a primeira e única vez no Evangelho de João em que Jesus é acusado de estar louco. Acreditava-se costumeiramente que a insanidade estava associada com a possessão demoníaca.