Estudo sobre LÁZARO

Estudo sobre LÁZAROLÁZARO DE BETÂNIA (Λαζαρος, forma abreviada do nome hebraico com a terminação do grego; significa Deus ajuda). Amigo de Jesus, a quem ele levantou da morte; irmão de Marta e Maria. Apesar de ser um nome comum entre os judeus, ele é o único personagem histórico do NT que tem esse nome. Ele é mencionado apenas em João 11 e 12.

Ele morava em Betânia perto de Jerusalém (11.1,30; 12.1), localizada a sudeste do Monte das Oliveiras. Jesus era muito amigo da família de Betânia. Ele foi hospedado na casa deles por mais de uma vez, provavelmente diversas (Mt 21.17; Lc 10.38-41; Jo 11). Seu amor por todos os três era bem conhecido (Jo 11.5-36); foi a esse amor que a irmã apelou ao informar Jesus sobre a doença de Lázaro (11.3). Jesus chamou Lázaro de “nosso amigo” (11.11), indicando sua amizade com os doze discípulos.

Enquanto os personagens de Marta e Maria são distintamente delineados, nada se sabe do caráter e temperamento de Lázaro. Nenhuma palavra sobre ele é registrada. Ele aparece na história do Evangelho, não por quaisquer qualidades brilhantes de caráter, mas somente por causa do milagre de Cristo ressucitando-o, e o impacto que a ressurreição produziu. Sua ressurreição, depois de estar morto por quatro dias, levou muitos Judeus a crerem em Jesus (11.45), mas levou o Sinédrio a concordar em levar Jesus à morte (11.47-53).

Quando Jesus voltou a Betânia, antes da última Páscoa, seus amigos lhe deram ali um banquete; Lázaro estava entre os que estavam à mesa com Jesus (Jo 12.1.8; Mc 14.3). O entusiástico depoimento das testemunhas oculares da ressurreição de Lázaro levou muitos de Jerusalém a se reunirem em Betânia para ver Lázaro bem como Jesus (Jo 12.9). O testemunho deles também foi a causa da ovação que Jesus recebeu na entrada triunfal (12.17,18). O fato de Lázaro ser um testemunho vivo do poder de Cristo levou os sacerdotes a também tramarem a morte dele (12.10). A narrativa da ressurreição de Lázaro, o mais longo registro de um milagre no Evangelho (Jo 11), é vívido, sóbrio e perfeitamente coerente. E o clímax dos sinais no Evangelho de João. Esse milagre tem sido vigorosamente atacado.

Várias tentativas racionalistas têm sido feitas para quebrar o óbvio significado do registro de João. Tem sido alegado que Lázaro estava em transe; que foi uma fraude deliberada, armada por Marta e Maria, com a conivência de Jesus; que foi um adorno, como a parábola de Jesus, apresentada como história, em Lucas 16.19-31. Tais propostas não são convincentes e ilustram a ingenuidade dos descrentes.

Sua historicidade tem sido questionada por causa do silêncio dos sinóticos. Essa é uma reconhecida dificuldade. Mas os sinóticos não pretendem contar todos os feitos de Jesus; exceção feita à última Páscoa, a história deles é galileia. O entusiasmo na entrada triunfal, nos sinópticos, ficaria sem explicação sem um evento tal como a ressurreição de Lázaro. Os sinópticos podem ter omitido a história para proteger os membros da família de Betânia.

Outros admitem que há um acontecimento real por traz do relato, mas negam a ressurreição literal. Eles a vêem como imagem simbólica do poder de Cristo para levantar o povo da morte espiritual numa vida de pecado. Mas o simples relato das Escrituras não dá a entender que a história fosse propositadamente uma alegoria. Das reações dos contemporâneos de Cristo, tanto amigos como inimigos, fica claro que eles não desmistificaram o evento. Com esse milagre, Cristo pretendia fortalecer a fé de seus discípulos, desafiar a nação a aceitá-lo ou rejeitá-lo, e a antever sua própria morte e ressurreição iminentes.


BIBLIOGRAFIA. A. M. Fairbaim, Studies in the Life of Christ ( 1881), 201-218 discute os ataques de Paulus, Strauss, Bauer e Renan; J. D. Jones, The Lord of Life and Death (n.d.); Daniel-Rops, Jesus and His Times (1954), 379-385; N. J. Sanders, “Those Whom Jesus Loved”, NTS, I (1954), 29-41; W Barclay, And He Had Compassion On Then (1955), 211-229 faz alegoria da ressurreição; “Lazarus”, em F. L. Cross, org. The Oxford Dictionary of the Christian Church (1957), pág.793, dá um breve relato das lendas posteriores relativas a Lázaro; C.K. Bairet, The Gospel According to St. John (1960); D.A. Redding, The Miracles o f Christ (1964), 169-176.