Espírito Santo como Consolador

Espírito Santo como Consolador 

Espírito Santo como Consolador
Por que o coração dos discípulos estava perturbado? Cristo dissera-lhes que os deixaria (13:33), que um deles o trairia, e que Pedro o trairia (13:36-38). Sem dúvida, isso perturbou a todos, pois viam Pedro como líder. Jesus mesmo expusera sua angústia interior (13:21), apesar de certamente seu espírito não se perturbar da mesma forma que o coração deles. Nesse capítulo, Cristo tenta confortar os Doze e acalmar o coração perturbado deles. Ele deu-lhes cinco motivos por que tinha de deixá-los e voltar para o Pai.

I. Preparar um lugar para eles (14:1-6)

Cristo fala do céu como um lugar real, não apenas como um estado mental. Ele retrata o céu como um lugar adorável em que o Pai habita. Na verdade, a palavra "casa", em grego, significa "lugar de moradia", o que se refere à perpetuidade de nossa casa celestial. O céu é um lugar preparado para pessoas preparadas. Cristo, o Carpinteiro (Mc 6:3), está construindo uma casa celeste para todos os que creem nele. E ele retornará a fim de receber os seus para ele mesmo. Mais tarde, em 1 Tessalonicenses 4:13-18, Paulo explica com detalhes essa noção. "Ausentes do corpo, presentes com o Senhor." Cristo não poderia preparar a casa celestial para os seus se ficasse na terra.

Como os pecadores podem ter esperança de ir para o céu? Por intermédio de Cristo. Leia Lucas 15:11-24, a história do filho pródigo, ligando-a a João 14:6. O rapaz, como o pecador, estava perdido (15:24), era ignorante (1 5:1 7 — "caindo em si") e estava morto (15:24). Todavia, ele foi até o pai (15:20)! Ele estava perdido, mas Cristo é o Caminho; ele era ignorante, porém Cristo é a Verdade; e ele estava morto (espiritualmente), todavia Cristo é a Vida!

E ele chegou à casa do Pai quando se arrependeu e retornou para lá.

II. Revelar o Pai para eles (14:7-11)

Parece que Filipe tinha algum problema na vista: ele queria ver. Em 1:46, suas primeiras palavras foram: "Vem e vê"! Em João 6, ele viu a grande multidão e decidiu que Cristo não poderia alimentá-la (6:5). Os gregos foram até Filipe e disseram: "Senhor, queremos ver Jesus" (12:21). Jesus deixou claro que vê-lo era ver o Pai. No versículo 7, ele promete: "Desde agora o conheceis e o tendes visto".
À medida que conhecemos melhor Cristo, vemos o Pai pela fé.

III. Garantir-lhes o privilégio de orar (14:12-14)

Cristo supriu as necessidades dos discípulos enquanto esteve com eles (veja 1 6:22-24). Agora que re tornava ao céu, dava-lhes o privilégio de orar. Ele promete responder às orações a fim de glorificar o Pai. Orar em nome dele significa orar pela glória dele ao pedir tudo que ele mesmo desejaria. No versículo 12, as grandes obras referem-se aos milagres maravilhosos e às bênçãos, registradas em Atos, que os discípulos vivenciaram (veja Mc 16:20; Hb 2:4). As obras que ele faz hoje por nosso intermédio são "maiores" no sentido de que somos apenas vasos humanos, ao passo que ele era Deus encarnado ministrando na terra.

IV. Enviar o Espírito Santo (14:15-26)

Nesses próximos capítulos, Cristo tem muito a dizer a respeito do Espírito. Aqui, ele o chama de Consolador no estrito sentido da palavra. "A fim de que esteja para sempre convosco."

A palavra "outro" significa "outro do mesmo tipo", pois o Espírito é Deus, da mesma forma que Cristo é Deus. O Espírito vivo nos discípulos toma o lugar do Salvador vivo que está ao lado dos discípulos. Ele também é chamado de "Espírito da verdade". O Espírito usa a Palavra para condenar os pecadores e para orientar os santos, e a Palavra de Deus é a verdade (1 7:1 7). O mundo não pode receber o Espírito porque ele vem em resposta à fé. Há muita discussão a respeito do que Cristo quer dizer com "Voltarei para vós outros" (v. 18). Literalmente, significa: "Eu venho [presente] para vós". É provável que essa afirmação inclua diversas coisas:a volta de Cristo para os apóstolos após sua ressurreição; sua volta para eles por intermédio do Espírito; e sua vinda futura a fim de levá-los para o céu.

Nos versículos 21-26, Cristo fala a respeito do relacionamento profundo que os discípulos terão com o Pai e o Filho por intermédio do Espírito. Eles pensavam que ficariam "órfãos" (o significado literal
de "abandonados" — v. 18, NTLH), mas, na verdade, a ida de Jesus para o Pai possibilita um relacionamento mais profundo entre os santos e seu Salvador. Esse relacionamento envolve a obediência (v. 21) e o amor à Palavra (v. 24).

Envolve também o ministério de ensino do Espírito Santo (v. 26). Os cristãos que reservam um tempo para aprender a Palavra e, depois, vivem-na, desfrutam de comunhão íntima e satisfatória com o Pai e o Filho. O amor por Cristo significa amar e obedecer a sua Palavra pelo poder do Espírito Santo; não é uma emoção superficial a respeito da qual conversamos. Em 14:1-3, Jesus fala a respeito da ida dos santos para o céu a fim de morar com o Pai e o Filho; no entanto, aqui, ele fala do Pai e do Filho virem morar com os santos.

V. Garantir a paz que ele provê (14:27-31)

Como os discípulos precisavam de paz! A paz que Cristo dá não é como a do mundo, nem ele a dá da mesma forma que o mundo faz. A paz de Cristo repousa no âmago do coração, sempre nos satisfaz e
dura para sempre, enquanto a do mundo é superficial, insatisfatória e temporária. A paz de Cristo mora no coração; a do mundo é exterior e aparente. Cristo, por meio de sua morte, ressurreição e ascensão, deu-nos "paz com Deus" (Rm 5:1), enquanto os psicólogos falam de "paz de espírito". Filipenses 4:4-9 resume como o crente pode ter a paz de Deus.

A frase "O Pai é maior do que eu" (v. 28) refere-se ao tempo que ele passou na terra. Ele, como Filho de Deus, é igual ao Pai; como Filho do Homem, em um corpo humano, ele foi obediente ao Pai, o qual deu a Cristo as palavras que disse e as obras que realizou (14:10,24). Cristo derrotou Satanás, o criador da confusão e do desassossego, ao morrer na cruz e voltar para o céu (v. 30). No versículo 31, Cristo assegura aos discípulos que a cruz é uma prova de seu amor pelo Pai a fim de que eles não pensem que sua morte é uma tragédia ou um engano.

Ele morreu porque o Pai ordenou, e Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai.