A Ressurreição de Jesus
A Ressurreição de Jesus
Esse capítulo registra três aparições de Cristo pós-ressurreição. Cada aparição trouxe um resultado diferente na vida dos envolvidos.
Esse capítulo registra três aparições de Cristo pós-ressurreição. Cada aparição trouxe um resultado diferente na vida dos envolvidos.
I. Maria viu o Senhor (20:1-18)
Cristo expulsou sete demônios de Maria Madalena (Lc 8:2), e ela o amava com ternura. Maria Madalena, em sua confusão e desapontamento, apressou-se em tirar conclusões e pensou que alguém roubara o corpo de Cristo. Ela correu para contar a Pedro e João, que, por sua vez, foram até a sepultura.
O que fez João passar à frente de Pedro (v. 4)? Talvez houvesse uma razão física: João era mais jovem que Pedro. Contudo, também há uma lição espiritual aqui: Pedro ainda não reafirmara sua devoção a Cristo, e, por isso, sua "energia espiritual" estava baixa. Isaías 40:31 afirma que os que esperam no Senhor "correm e não se cansam"; todavia, Pedro correra à frente do Senhor e lhe desobedecera. O pecado de Pedro afetou seus pés (Jo 20:4), seus olhos Go 21:7), seus lábios (ele negou o Senhor) e até a temperatura de seu corpo (Jo 18:18; e veja Lc 24:32).
O que os homens viram na sepultura? Eles viram os lençóis fúnebres com a forma do corpo, no entanto o corpo sumira! As vestes fúnebres repousavam como um casulo vazio. O lenço (para o rosto) estava separado do resto. Não era a cena de uma sepultura roubada, pois nenhum ladrão conseguiria tirar o corpo das vestes sem rasgá-las nem desarrumar as coisas. Jesus retornara à vida em glória e em poder e passara através das vestes fúnebres e da própria sepultura! O versículo 8 relata que os homens acreditaram na ressurreição por causa das evidências que encontraram. Mais tarde, eles encontram Cristo pessoalmente e creem também nos testemunhos das Escrituras. Assim, em relação aos assuntos espirituais, há três tipos de provas em que se fundamentar:
(1) a evidência que Deus fornece em sua Palavra;
(2) a Palavra do Senhor; e
(3) a experiência pessoal.
Como o homem sabe que Cristo é real? Ele pode ver as evidências na vida dos outros, ler a Palavra e, se crer em Cristo, vivenciará isso pessoalmente. No versículo 10, observe que eles voltam para casa sem proclamar a mensagem da ressurreição de Cristo. Apenas as simples evidências intelectuais não mudam as pessoas. Precisamos encontrar Cristo pessoalmente.
Foi isso que aconteceu com Maria Madalena: ela demorou-se e encontrou Cristo. Muitas vezes, vale a penas esperar! (Veja Pv 8:1 7.) Ela viu dois anjos na sepultura, mas estava muito tomada pela dor para deixá-los confortá-la. No versículo 12, a descrição dos anjos lembra-nos o propiciatório do Santo dos Santos (Êx 25:17-19); agora, a ressurreição de Cristo é nosso propiciatório no céu. Maria Madalena deu as costas aos anjos, pois procurava Cristo; ela preferia ter o corpo de Cristo ã visão dos anjos! A seguir, ela viu uma pessoa, mas seus olhos estavam cegos, e não reconheceu Cristo. No versículo 15, a palavra "supondo" explica toda a dor que ela sentia. Hoje, muitos cristãos são infelizes porque "supõem" algo que de forma alguma é verdade. Ela reconheceu Jesus quando ele disse seu nome. Ele chama os seus pelo nome (Jo 10:3-4), e eles conhecem sua voz. Veja Isaías 43:1.
O versículo 17 sugere que, no início da manhã do domingo de Páscoa, Cristo ascendeu ao céu a fim
de apresentar sua obra terminada ao Pai. Essa ascensão secreta cumpre o tipo de sacrifício discutido em Levítico 23:1-14, o movimento das "primícias" no dia seguinte ao sábado (veja 1 Co 15:23). O encontro de Maria Madalena com Cristo transformou-a em uma missionária.
II. Os discípulos vêem o Senhor (20:19-25)
Essa é a segunda menção ao "primeiro dia da semana" (20:1,19). O primeiro dia da semana é o domingo, não o sábado (o sabá judeu, o sétimo dia da semana). O sábado destina-se ao descanso após o trabalho e pertence à dispensação da Lei. O domingo é o Dia do Senhor, o primeiro dia da semana, e fala de vida e de descanso antes do trabalho. Lembra-nos a graça de Deus. Cristo atravessou a porta
fechada em seu corpo glorificado e levou paz aos homens amedrontados. Observe que ele fala de paz
duas vezes (vv. 19,21). A primeira "paz" refere-se à paz com Deus, fundamentada no sacrifício dele na cruz. Por isso, ele mostrou a eles suas mãos e o lado de seu corpo. A segunda trata-se da paz de Deus que vem da presença dele conosco (veja Fp 4). Ele comissiona-os a assumir o lugar dele como embaixadores de Deus no mundo. (Veja Jo 17:15-18.)
O sopro do Senhor sobre eles lembra Gênesis 2:7, em que Deus soprou vida em Adão, e 2 Timóteo 3:1 6, em que "inspirada" significa "sopro de Deus". Essa ação foi pessoal e individual e deu-lhes a força e o discernimento espirituais que precisariam para cumprir seu comissionamento. Em Pentecostes, a vinda do Espírito foi corporativa e capacitou-os para o serviço e o testemunho. No versículo 23, o poder de perdoar pecados, dado aos discípulos, não se aplica aos cristãos de hoje, a não ser no sentido de que retemos ou impedimos o pecado à medida que apresentamos o evangelho ao pecador. No Novo Testamento, não há nenhum exemplo de perdoar pecado feito por qualquer apóstolo. Pedro (At 10:43) e Paulo (At 13:38) falam sobre a autoridade de Cristo. Não há dúvida de que os discípulos tinham privilégios especiais, mas nós não temos esses direitos hoje.
III.Tomé viu o Senhor (20:26-31)
Tomé não estava presente no primeiro encontro com o Senhor. Quantas coisas perdemos ao não irmos à congregação local. Observe a afirmação de Tomé: "Se eu não vir [...] de modo algum acreditarei" (v. 25). Chamavam-no Dídimo, que significa "gêmeo". Ele tem muitos pares hoje!
No Dia do Senhor, o seguinte após a ressurreição, "passados oito dias", Jesus apareceu quando os discípulos estavam reunidos e dirigiu-se a Tomé. Que amor perdoador demonstrou por ele! Tomé viu o Senhor e esqueceu-se de todas as suas exigências de prova! O testemunho dele é emocionante: "Senhor meu e Deus meu!". A visão das feridas de Cristo ganhou seu coração. Cristo afirma que você e eu temos a mesma garantia e bênção, pois estamos entre os que creem nele, embora não o tenhamos visto.
Você vê os diferentes resultados dessas três aparições de Cristo à medida que as revê. Com Maria Madalena, a questão era seu amor por Cristo. Ela sentia saudades dele e queria cuidar de seu corpo. Com os discípulos, trata-se da esperança deles. Eles perderam toda a esperança e se trancaram em uma sala com medo! Com Tomé, o problema era a fé: ele não acreditaria sem ver as provas. Nossa fé está segura porque Jesus Cristo está vivo hoje. "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé" (1 Co 15:17). Mantemos a esperança viva por causa de sua ressurreição. Primeira aos Coríntios 15:19 afirma: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens".
Nos versículos 30-31, João afirma o objetivo de seu evangelho: os pecadores devem crer e ter vida eterna por intermédio de Cristo. À medida que lemos esse evangelho, encontramos muitas pessoas que creram e ganharam vida eterna:
(1) Natanael (1:50);
(2) os discípulos (2:11);
(3) os samaritanos (4:39);
(4) o oficial do rei (4:50);
(5) o cego que foi curado (9:38);
(6) Marta (11:27);
(7) os judeus que viram Lázaro ressuscitar (12:11); e
(8) Tomé (20:28). Todos eles deram o mesmo testemunho: "Eu creio".