Comentário de João 17:13

Existe a possibilidade da queda, que não pode ser evitada automaticamente por nenhum “guardar”. A trajetória dos discípulos pelo mundo é difícil e cheia de provações. Ela não se tornará, então, uma vida de constante medo e preocupação que os discípulos de Jesus precisam viver, até mesmo quando o último refúgio é a fidelidade de Deus? Jesus o vê de maneira diferente. “Mas, agora, vou para junto de ti e isso falo no mundo para que eles tenham minha alegria perfeita em si mesmos.” Novamente Jesus não diz: “Mas agora tenho de morrer”, mas ele vê em seu caminho a ida até o Pai. No entanto, sua despedida não é apressada, despreocupada a respeito dos que são deixados para trás. Não, “Jesus fala isso no mundo”, estando plenamente no mundo e em seu domínio. Os discípulos podem ver no seu exemplo que “estar no mundo” não apaga a alegria de seu Senhor. Assim como ele lhes “deixou a sua paz” (Jo 14.27), assim ele lhes está legando também a “sua alegria”, como algo que podem levar consigo. Considerando que a instrução apostólica leva a alegria muito a sério e a transforma numa característica essencial da filiação divina e da atuação do Espírito Santo,712 os apóstolos a aprenderam e receberam do próprio Jesus. Não apenas com esforço e apesar das circunstâncias: um clarão de alegria deve cobrir os discípulos. É de forma “perfeita” que eles devem “ter sua alegria em si mesmos”. Jesus não está falando da alegria natural dos discípulos. A “nossa” alegria desfalece rapidamente. Jesus se refere à alegria “dele”, que não se desfaz nem mesmo agora diante de toda a gravidade da trajetória da cruz. Os discípulos “terão perfeita em si mesmos” essa “alegria dele”.[1]




712 Cf. Fp 1.18; 2.17; 3.1; 4.4; Gl 5.22; 1Ts 1.6; At 13.52; 20.24; Rm 14.17.
[1]Boor, W. d. (2002; 2008). Comentário Esperança, Evangelho de João; Comentário Esperança, João (p. 386). Editora Evangélica Esperança; Curitiba.