João 15:1-27 — Interpretação

A metáfora da videira é usada no Velho Testamento em Is 5.1-7, e aplica-se no ensino de Jesus, aqui à união entre o crente e Deus. Jesus é a videira verdadeira de Deus, e o Pai é o agricultor (1). Os ramos florescem somente na medida em que permanecem na videira. Todo ramo sem fruto é cortado e os brotos frutíferos são cuidadosamente aparados para que dêem mais fruto (2). Deus corta os ramos imprestáveis e joga-os fora, como no caso de Judas. Os verdadeiros crentes são purificados pela Palavra e pela experiência de união com a videira (3). Permanecei em mim e eu permanecerei em vós (4). Desta permanência resultará abundância de fruto (5). Sem o Filho, nada se pode fazer. O vers. 6 refere ao destino dos ramos cortados (cfr. Ez 15.2-4). O vers. 7 amplia a frase "permanecei em mim". Resulta desta união orgânica o penhor de uma resposta a todos os pedidos feitos em Seu nome e em conformidade com a vontade divina. Deus é glorificado por este fruto (8), sendo o amor e obediência o fruto que distingue o genuíno discipulado. O amor do Filho para com os Seus discípulos se baseia no amor do Pai para com o Filho (9). O modelo de amor e obediência para os discípulos se encontra na relação que existe entre o Pai e o Filho (10). Cfr. Jo 10.15; Jo 14.20. As características da união espiritual entre os discípulos e seu Senhor são o amor e o gozo. O gozo de Jesus lhes é prometido (11). Ele exorta-os a amarem uns aos outros, pois eles são o objeto do Seu amor e esse amor tem sua máxima expressão no sacrifício voluntário da Sua própria vida (13). O vers. 13 tem servido muitas vezes para ilustrar o amor humano que faz o sacrifício supremo pelos outros. No contexto, porém, é salientado o caráter único do que é sacrificado, a saber, a vida do Filho de Deus, que dá a Si mesmo pelos Seus amigos.

Eles são Seus amigos, se fazem o que Ele ordena (14). Não são mais servos, e mas amigos, pois o servo não entende os planos e objetivos do seu mestre. Sendo Seus amigos, Jesus lhes revela tudo quanto ouviu do Seu Pai (15). Tiveram o privilégio único de serem iniciados no conhecimento dos propósitos do Pai e receberam a verdade divina, o ensino celestial. Ele os escolheu. A iniciativa no ato vem dEle. E agora Ele os envia ao mundo, para completarem Sua obra (16). Os discípulos receberam uma chamada divina que seria a inspiração da obra e a explicação do seu fruto permanente (16). Tudo quanto pedirem no nome do Pai lhes será dado.

Obediência a Jesus envolve o ódio do mundo. Como o seu Mestre, devem esperar perseguição e hostilidade, se é que permanecem leais ao Seu nome (21). Jesus não desculpa o mundo. pois falou ao mundo, e o mundo o odiava. Quem odeia a Jesus odeia também ao Pai. Jesus é odiado sem motivo (25; cfr. Sl 35.19; Sl 69.4), para que se cumpra a palavra escrita. O encontro entre os judeus e Jesus inevitavelmente gerou neles maus
sentimentos e mortal antipatia.

Logo em seguida, Jesus fala da missão do Consolador (26-27; ver Jo 16.1-15). Quem os guarda é o espírito da verdade, que procede do Pai e dá testemunho à revelação da verdade em Jesus. De igual modo, os discípulos, em virtude da sua união com Jesus, receberam a mesma incumbência de testificarem. A sua autoridade é fundada em sua experiência espiritual (27).