João 11:32-44 — Interpretação

Maria encontra-se com Jesus e ajoelha-se aos seus pés (32). Ela diz as mesmas palavras que as duas irmãs repetiram tantas vezes uma à outra (cfr. vers. 21). A sua intensa aflição não lhe permite dizer mais nada. Jesus comove-se profundamente com o pranto de Maria e dos judeus, e agita-se em espírito (33).

Há diversas interpretações das comoções de Jesus. Muitos comentaristas pensam que são devidas à intensidade de sua simpatia. Ele sentiu a crueldade da perda das irmãs e identificou-se com elas, na sua dor. Outros acham que Ele sentiu alívio emotivo na presença da morte. Mais outros pensam que o pranto hipócrita dos judeus o provocou à ira e que Ele chorou de indignação.

A intensidade emotiva da sua personalidade se explana, tanto aqui como na ocasião quando chorou sobre Jerusalém (Lc 19.41), em parte pela incredulidade dos judeus, cujo aparecimento em cena neste momento é sugestivo. Em parte se explica pelo esgotamento pessoal que Ele sentiu para poder efetuar tamanho prodígio. Ainda que a experiência emotiva seja profunda, é também disciplinada. Jesus é o Filho de Deus, manifestando em sua vida o amor e compaixão divinos.

Os judeus, em descrever a tristeza de Jesus, expressam, não propositadamente, uma grande verdade: Vede quanto o amava! (36). Quando Jesus chorava no sepulcro, alguns duvidam da realidade dos seus sentimentos (37). Novamente Jesus geme em espírito. "Mais uma vez o ceticismo zombador dos judeus desperta Sua indignação" (Clarendon Bible). Jesus fica em pé em frente do sepulcro e manda tirar a pedra (39). Marta acha isto inconveniente, pois já cheira mal (39). Jesus repreende a sua falta de fé com a declaração que ela há de testemunhar a glória de Deus (40, cfr. vers. 4,23). A morte estará vencida. Jesus ergue os olhos e dá graças a Deus, já antecipando a resposta à sua prece: Pai, graças te dou porque me ouviste... eu sabia que sempre me ouves (41-42). A operação de Deus confirmaria a divina união entre o Pai e o Filho. A resposta a Sua oração era certa e infalível, porém, Jesus orou da seguinte maneira: "assim falei, por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste" (42). Há uma distinção necessária entre a oração dirigida a Deus em conformidade com a vontade divina, e a ação de graças oferecida publicamente perante o povo (cfr. Jo 12.30).

Jesus agora chama Lázaro pelo nome, o que se torna sugestivo, à luz da declaração em Jo 5.25-28 e segs. Quando Jesus clama em alta voz, Lázaro, vem para fora, este obedece incontinenti. Assim a história chega ao seu fim, e o silêncio se interpõe. Ignoramos as reações dos que testemunharam este sinal, pelo qual Jesus manifestou a Sua glória.