João 7:1-52 — Interpretação
Jesus retira-se por um tempo da oposição ativa dos judeus na Judeia, que a cura do paralítico tinha provocado. Agora ele anda na Galileia, aguardando a hora da Sua manifestação (7.1).
A Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2-52)
O ponto focal muda agora da Galileia para Jerusalém, e consta que a festa dos tabernáculos está próxima (2). Os irmãos de Jesus querem que Ele ostente o Seu poder espetacularmente, autenticando assim o seu ministério messiânico perante o povo. Insistem que participe da festa dos tabernáculos em Jerusalém, sabendo que haveria grandes turbas na cidade (3-4). A festa comemorou a peregrinação dos judeus no deserto, tempo em que moravam em tendas. A festa também marcou o regozijo associado com a colheita de setembro e outubro (cfr. Lv 23.34 e segs.; Dt 16.13-15). A resposta de Jesus relembra aquela dada a Maria (6; cfr. Jo 2.4); não tinha chegado ainda a hora da Sua manifestação aos homens. Jesus se refere a sua morte e glorificação. Seus irmãos podem ir à festa a qualquer hora, pois estão em harmonia com o espírito deste mundo. Ele feriu o mundo com Seu testemunho à verdade, revelando o caráter essencialmente mau do mundo (7). Eu por enquanto não subo (8). As palavras "por enquanto" são possivelmente uma interpolação, para explicar a aparente contradição entre sua declaração e subseqüente ação. Subo; uma possível sugestão espiritual da sua ascensão. O festival dos tabernáculos, celebrando a terminação do trabalho, não lhe era apropriado ainda. Em espírito, ele esta na festa da páscoa. Afinal, Jesus também sobe à festa, mas em oculto (10), para não dar uma demonstração pública do Seu poder. A narrativa revela algo da reprimida agitação, dos boatos em circulação, e da muita especulação, que giram em torno da pessoa de Jesus, já uma figura de interesse nacional. Alguns dizem que é bom; outros que Ele engana o povo. Ninguém ousa expressar sua verdadeira opinião, por medo dos judeus (11-13).
A inesperada chegada de Jesus à festa e Seu ensino no templo causam estupefação e admiração. Como sabe este letras...? (15). Os judeus se maravilham do Seu indubitável conhecimento e sabedoria, pois sabem que Ele nunca recebeu a educação religiosa dos rabinos. Jesus replica que Seu ensino não provém de si mesmo. Sua origem é de cima (16), e prova-se divino àqueles que lhe obedecem (17). Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina (17). Obediência moral é mais importante do que compreensão intelectual. É o cânon da realidade espiritual, a chave essencial para entender os Seus ensinos. A prova que o ensino não provém de si está no desinteresse de sua motivação. A autoridade do ensino de Jesus repousa no fato que Ele procura a glória de quem o enviou (18). Não é difícil perceber porque os judeus rejeitaram os seus ensinos. Eles mesmos violaram as leis que Moisés lhes dera. Se tivessem obedecido ao espírito daquela lei, não teriam procurado a morte de Jesus (19). São totalmente injustos. Quem é que procura matar-te (20). Os cidadãos ignoram as verdadeiras intenções dos seus líderes, e tratam com desdém a sugestão de uma tentativa, contra ele. Isto os leva a crer que Ele tem demônio.
Jesus, então, lembra-lhes do milagre que operara no sábado numa visita anterior a Jerusalém (cfr. Jo 5.1-16). Todos ficaram maravilhados na ocasião (21-23). Pelo motivo de que... (22). Nas Escrituras, a circuncisão precede a lei em tempo, portanto impor-se-á em qualquer conflito entre as duas. Tal conflito surge, inevitavelmente, quando o oitavo dia depois de parto cai num sábado. Se se permite no sábado o rito de circuncisão, que simboliza a restauração parcial da natureza humana, por que se zanga quando Jesus cura, num sábado, ao todo, um homem? (23). Eles julgam segundo a aparência, e por isso são incapazes de entender que a Sua ação, não somente harmoniza perfeitamente com o espírito da lei, mas, na realidade, a cumpre (24).
Ele fala abertamente (26). O povo de Jerusalém está maravilhado da coragem com que Jesus reivindica Seus direitos e imaginam que, em conseqüência, os próprios governantes serão convencidos da verdade que Ele proclama. Eles, entretanto, conhecem a cidade dEle, e julgam que Ele não satisfaz as condições messiânicas. Ele declara-se abertamente, enquanto o Messias se envolveria em mistério (27).
Jesus comove-se profundamente ao ver as concepções errôneas do povo e cita suas objeções: Vós não Somente me conheceis, mas também sabeis donde eu sou (28). Conhecem, de fato, algo da Sua história terrestre, mas ignoram o propósito da sua missão e o Pai que o enviou. Eu o conheço (29). O fato que os judeus O rejeitam não abala Sua própria convicção quanto a Sua divina origem e missão. O significado da sua missão não é ignorado, pois conhecem as intenções de Jesus, e procuram prendê-Lo; porém ninguém lhe pôs a mão (30), porque ainda não era chegada a hora da Sua paixão (cfr. Jo 7.6-8.20). O povo, entretanto, fica do lado dEle. A sua fé se firma nos Seus milagres (31; "sinais").
Os fariseus, enciumados do movimento popular em favor de Jesus, instigam os principais dos sacerdotes (32) a planejarem a prisão de Jesus. Os principais sacerdotes seriam os membros sacerdotais do sinédrio. Jesus observa os oficiais enviados para prendê-lo, e os saúda com o recado misterioso: Ainda por um pouco do tempo estou convosco, e depois irei para junto daquele que me enviou (33). Jesus entende que este atentado sobre sua vida é o começo do fim. Logo há de partir, pelo caminho divinamente indicado da Sua morte. O dia da oportunidade ainda está ao alcance deles, mas o dia chegará em que procurarão, arrependidos, o Seu auxílio, sem achá-lo. Não poderão segui-Lo para os céus (34). Os judeus são mistificados pela declaração enigmática, e supõem que aluda a uma nova missão alhures entre os gregos (35). A interpretação errônea das Suas palavras contém uma verdade, quanto ao crescimento do evangelho depois da Sua morte, por eles provocada. Anunciam palavras de juízo e de condenação, cujo significado não percebem.
No último dia, o grande dia da festa (37). Neste dia, realizaram-se cerimônias especiais, e do que parece, não se repetiu a libação de água de Siloé, oferecida diariamente nos sete dias precedentes. A cerimônia consistiu em derramar água de um vaso de ouro, para comemorar a provisão de água no deserto. Agora, suprindo a falta de água cerimonial, Jesus exclama: Se alguém tem sede, venha a mim e beba (37). Nesta declaração, se apresenta como a água da vida para todos os que creem. Do Seu interior... (38). O crente se torna uma fonte de vida para outros. Cfr. Dt 8.15-16. Pode ser tomada como referência ao Espírito, que seria dado em toda a Sua plenitude uma vez que a obra de Cristo fosse consumada. O resultado da glorificação de Jesus seria o derramamento do Espírito Santo (39).
Em consequência das declarações de Jesus, dá-se uma divergência de opinião entre os da multidão. Alguns creem nEle como o profeta predito por Moisés (40; cfr. Dt 18.15), outros como o próprio Cristo (41), o Messias. Mais outros, que ignoram fatos elementares, os quais o evangelista não se preocupa em corrigir, dizem que o Messias há de aparecer em Belém (Cfr. Mq 5.2). E outros ainda querem prendê-lo por força, mas não ousam faze-lo (44).
A narrativa focaliza agora os oficiais que não conseguiram tomá-lo preso. São interrogados pelos membros do sinédrio e citam, na sua própria defesa, a autoridade com que Ele lhes falou (46). Cfr. Mt 7.28-29. Os fariseus os desprezam por terem sido enganados e asseveram orgulhosamente que nenhum fariseu jamais seria iludido desta maneira (48). A plebe, ignorante da lei, é colocada por eles sob a maldição, por a violarem (49). Nicodemos, membro do Sinédrio, que visitou Jesus secretamente (Jo 3.1-21), protesta contra tal procedimento ilegal, e lembra-lhes que não foi dada a Jesus a oportunidade de ser ouvido (51). Silenciam a Nicodemos com desdém, acusando-o de proceder como qualquer galileu ignorante e insistindo que profeta nenhum jamais apareceu na Galileia (52; cfr. vers. 41; Jo 1.46).
A Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2-52)
O ponto focal muda agora da Galileia para Jerusalém, e consta que a festa dos tabernáculos está próxima (2). Os irmãos de Jesus querem que Ele ostente o Seu poder espetacularmente, autenticando assim o seu ministério messiânico perante o povo. Insistem que participe da festa dos tabernáculos em Jerusalém, sabendo que haveria grandes turbas na cidade (3-4). A festa comemorou a peregrinação dos judeus no deserto, tempo em que moravam em tendas. A festa também marcou o regozijo associado com a colheita de setembro e outubro (cfr. Lv 23.34 e segs.; Dt 16.13-15). A resposta de Jesus relembra aquela dada a Maria (6; cfr. Jo 2.4); não tinha chegado ainda a hora da Sua manifestação aos homens. Jesus se refere a sua morte e glorificação. Seus irmãos podem ir à festa a qualquer hora, pois estão em harmonia com o espírito deste mundo. Ele feriu o mundo com Seu testemunho à verdade, revelando o caráter essencialmente mau do mundo (7). Eu por enquanto não subo (8). As palavras "por enquanto" são possivelmente uma interpolação, para explicar a aparente contradição entre sua declaração e subseqüente ação. Subo; uma possível sugestão espiritual da sua ascensão. O festival dos tabernáculos, celebrando a terminação do trabalho, não lhe era apropriado ainda. Em espírito, ele esta na festa da páscoa. Afinal, Jesus também sobe à festa, mas em oculto (10), para não dar uma demonstração pública do Seu poder. A narrativa revela algo da reprimida agitação, dos boatos em circulação, e da muita especulação, que giram em torno da pessoa de Jesus, já uma figura de interesse nacional. Alguns dizem que é bom; outros que Ele engana o povo. Ninguém ousa expressar sua verdadeira opinião, por medo dos judeus (11-13).
A inesperada chegada de Jesus à festa e Seu ensino no templo causam estupefação e admiração. Como sabe este letras...? (15). Os judeus se maravilham do Seu indubitável conhecimento e sabedoria, pois sabem que Ele nunca recebeu a educação religiosa dos rabinos. Jesus replica que Seu ensino não provém de si mesmo. Sua origem é de cima (16), e prova-se divino àqueles que lhe obedecem (17). Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina (17). Obediência moral é mais importante do que compreensão intelectual. É o cânon da realidade espiritual, a chave essencial para entender os Seus ensinos. A prova que o ensino não provém de si está no desinteresse de sua motivação. A autoridade do ensino de Jesus repousa no fato que Ele procura a glória de quem o enviou (18). Não é difícil perceber porque os judeus rejeitaram os seus ensinos. Eles mesmos violaram as leis que Moisés lhes dera. Se tivessem obedecido ao espírito daquela lei, não teriam procurado a morte de Jesus (19). São totalmente injustos. Quem é que procura matar-te (20). Os cidadãos ignoram as verdadeiras intenções dos seus líderes, e tratam com desdém a sugestão de uma tentativa, contra ele. Isto os leva a crer que Ele tem demônio.
Jesus, então, lembra-lhes do milagre que operara no sábado numa visita anterior a Jerusalém (cfr. Jo 5.1-16). Todos ficaram maravilhados na ocasião (21-23). Pelo motivo de que... (22). Nas Escrituras, a circuncisão precede a lei em tempo, portanto impor-se-á em qualquer conflito entre as duas. Tal conflito surge, inevitavelmente, quando o oitavo dia depois de parto cai num sábado. Se se permite no sábado o rito de circuncisão, que simboliza a restauração parcial da natureza humana, por que se zanga quando Jesus cura, num sábado, ao todo, um homem? (23). Eles julgam segundo a aparência, e por isso são incapazes de entender que a Sua ação, não somente harmoniza perfeitamente com o espírito da lei, mas, na realidade, a cumpre (24).
Ele fala abertamente (26). O povo de Jerusalém está maravilhado da coragem com que Jesus reivindica Seus direitos e imaginam que, em conseqüência, os próprios governantes serão convencidos da verdade que Ele proclama. Eles, entretanto, conhecem a cidade dEle, e julgam que Ele não satisfaz as condições messiânicas. Ele declara-se abertamente, enquanto o Messias se envolveria em mistério (27).
Jesus comove-se profundamente ao ver as concepções errôneas do povo e cita suas objeções: Vós não Somente me conheceis, mas também sabeis donde eu sou (28). Conhecem, de fato, algo da Sua história terrestre, mas ignoram o propósito da sua missão e o Pai que o enviou. Eu o conheço (29). O fato que os judeus O rejeitam não abala Sua própria convicção quanto a Sua divina origem e missão. O significado da sua missão não é ignorado, pois conhecem as intenções de Jesus, e procuram prendê-Lo; porém ninguém lhe pôs a mão (30), porque ainda não era chegada a hora da Sua paixão (cfr. Jo 7.6-8.20). O povo, entretanto, fica do lado dEle. A sua fé se firma nos Seus milagres (31; "sinais").
Os fariseus, enciumados do movimento popular em favor de Jesus, instigam os principais dos sacerdotes (32) a planejarem a prisão de Jesus. Os principais sacerdotes seriam os membros sacerdotais do sinédrio. Jesus observa os oficiais enviados para prendê-lo, e os saúda com o recado misterioso: Ainda por um pouco do tempo estou convosco, e depois irei para junto daquele que me enviou (33). Jesus entende que este atentado sobre sua vida é o começo do fim. Logo há de partir, pelo caminho divinamente indicado da Sua morte. O dia da oportunidade ainda está ao alcance deles, mas o dia chegará em que procurarão, arrependidos, o Seu auxílio, sem achá-lo. Não poderão segui-Lo para os céus (34). Os judeus são mistificados pela declaração enigmática, e supõem que aluda a uma nova missão alhures entre os gregos (35). A interpretação errônea das Suas palavras contém uma verdade, quanto ao crescimento do evangelho depois da Sua morte, por eles provocada. Anunciam palavras de juízo e de condenação, cujo significado não percebem.
No último dia, o grande dia da festa (37). Neste dia, realizaram-se cerimônias especiais, e do que parece, não se repetiu a libação de água de Siloé, oferecida diariamente nos sete dias precedentes. A cerimônia consistiu em derramar água de um vaso de ouro, para comemorar a provisão de água no deserto. Agora, suprindo a falta de água cerimonial, Jesus exclama: Se alguém tem sede, venha a mim e beba (37). Nesta declaração, se apresenta como a água da vida para todos os que creem. Do Seu interior... (38). O crente se torna uma fonte de vida para outros. Cfr. Dt 8.15-16. Pode ser tomada como referência ao Espírito, que seria dado em toda a Sua plenitude uma vez que a obra de Cristo fosse consumada. O resultado da glorificação de Jesus seria o derramamento do Espírito Santo (39).
Em consequência das declarações de Jesus, dá-se uma divergência de opinião entre os da multidão. Alguns creem nEle como o profeta predito por Moisés (40; cfr. Dt 18.15), outros como o próprio Cristo (41), o Messias. Mais outros, que ignoram fatos elementares, os quais o evangelista não se preocupa em corrigir, dizem que o Messias há de aparecer em Belém (Cfr. Mq 5.2). E outros ainda querem prendê-lo por força, mas não ousam faze-lo (44).
A narrativa focaliza agora os oficiais que não conseguiram tomá-lo preso. São interrogados pelos membros do sinédrio e citam, na sua própria defesa, a autoridade com que Ele lhes falou (46). Cfr. Mt 7.28-29. Os fariseus os desprezam por terem sido enganados e asseveram orgulhosamente que nenhum fariseu jamais seria iludido desta maneira (48). A plebe, ignorante da lei, é colocada por eles sob a maldição, por a violarem (49). Nicodemos, membro do Sinédrio, que visitou Jesus secretamente (Jo 3.1-21), protesta contra tal procedimento ilegal, e lembra-lhes que não foi dada a Jesus a oportunidade de ser ouvido (51). Silenciam a Nicodemos com desdém, acusando-o de proceder como qualquer galileu ignorante e insistindo que profeta nenhum jamais apareceu na Galileia (52; cfr. vers. 41; Jo 1.46).