João 4:1-42 — Interpretação
O destino final do desobediente será experimentado em termos de punição eterna. Jesus deixa a Jordânia e volta para a Galileia, sabendo que o movimento das multidões em torno da sua pessoa provocará a hostilidade dos fariseus (1). Esta volta à Galileia pode marcar o início do seu ministério, tal qual apresentado nos Evangelhos sinóticos. Ainda que Jesus não batizava (2). Esta clara declaração parece entrar em choque com Jo 3.26. A explicação desta aparente contradição encerra-se no fato que, embora Jesus mesmo não batizasse com água, Ele revestiu o ato físico com seu real significado. Possivelmente, os discípulos não tinham percebido o seu significado cristão, apesar de Jesus ter dado ao rito sua verdadeira forma espiritual e celestial (Jo 3.5).
O testemunho de Jesus aos samaritanos (Jo 4.4-42)
A seqüência do pensamento do escritor torna-se patente na história que se segue. Se a água purifica, ela também mata sede. A referência a Samaria é consoante com a mais ampla implicação da mensagem de Jesus. A missão de Jesus abrange os povos não semitas do mundo. Jesus vai agora ao Norte. Para evitar o desvio através da Pereia, é necessário seguir a estrada norte de Jerusalém à Galiléia, atravessando Samaria. Era-lhe necessário passar por Samaria (4). Nestas palavras se vê a urgência constrangedora de Jesus, para cumprir a sua missão.
Chegou pois a Sicar (5). Sicar é identificada usualmente com Askar, uma aldeota na vizinhança de Siquém, lugar onde existe o poço tradicional, ao pé do monte Ebal. É bem provável que este seja o lugar autêntico. Jesus, exausto da longa caminhada, senta-se sozinho à beira do poço. Seus discípulos foram à vila comprar comida (8). Por volta da sexta hora (6), isto é, perto de meio dia. João usa aqui o método judaico para calcular a hora. Note-se, entretanto, que no capítulo 19, ele usa o sistema romano. Jesus pede água à mulher samaritana, que acaba de chegar ao poço com seu vaso (7). A resposta da mulher é dada em forma de pergunta, e reflete surpresa e hesitação (9). Ela se impressiona com o fato de Jesus, sendo judeu, pedir-lhe água, e mostra hesitação, por causa da conhecida hostilidade entre judeus e samaritanos. Os judeus não se dão com os samaritanos (9); isto parece ser uma nota explicativa do evangelista. Havia, realmente, acerbo antagonismo entre judeus e samaritanos, desde o tempo da volta dos judeus do exílio, e a construção pelos samaritanos de um templo rival no monte Gerizim. Os samaritanos reivindicavam sua descendência das dez tribos e a posse duma pura religião, derivada da lei de Moisés.
Jesus, procurando despertar na mulher o senso de necessidade pessoal e interesse pelas coisas espirituais, fala-lhe de uma dádiva melhor do que aquela que Ele lhe tinha pedido. Ele desejava muito dar-lhe tal dádiva, caso a aceitasse voluntariamente. Trata-se da água viva (10). A mulher surpreende-se de que Ele é capaz de trazer água viva da fonte, onde Jacó tinha falhado no mesmo propósito (11-12). É assim que ela interpreta a "dádiva de água viva". A misteriosa alusão de Jesus à água da vida o conduz a anunciar a verdade que Ele mesmo mata a sede do homem para todo sempre. A água do poço de Jacó satisfaz apenas temporariamente, porém Ele pode dar a vida eterna que jorra na alma, satisfazendo cabalmente todos os desejos mais íntimos do homem (14).
A samaritana entende como "água viva" alguma coisa mágica, calculada a tornar a vida mais fácil e confortável. Assim ela pede: Senhor, dá-me dessa água (15). Jesus sabe que o único meio de despertar nela o senso de culpa é trazer à tona os seus pecados. Jesus pede-lhe que traga seu esposo (16). Na resposta, a samaritana revela-se um tanto embaraçada e evasiva. Jesus aproveita e resposta para confrontar-lhe com os seus pecados (17-18). A samaritana reconhece que está na presença de alguém cujo conhecimento não é apenas intuitivo, mas sobrenatural: Senhor, vejo que és profeta
Neste trecho, aparece a controvérsia a respeito da maneira de cultuar Deus. A mulher, provavelmente, queria desviar a atenção do "profeta" dos seus pecados secretos e por este motivo referese ao monte Gerizim, reabrindo o assunto debatido da validez do lugar como centro para culto de Deus (20). É bastante significante, a importância dada ao lugar de culto por uma alma cujos pecados são expostos. Há salvação em Jerusalém ou em Gerizim? Os motivos da samaritana em apresentar o problema parecem ser mistos. Jesus agora fala de um culto que não se limita a nenhum lugar (21). Jesus apresenta a fé judaica como superior, dizendo a salvação vem dos judeus (22), em contraste com a fé dos samaritanos, com seu culto ritualista destituído de valores espirituais. No vers. 23 Jesus define a verdadeira natureza do culto. O local é secundário; o que importa é a realidade espiritual. O advento messiânico dá um golpe mortal aos preconceitos raciais. O culto deve ser pessoal e espiritual, oferecido a Deus pela inspiração do Espírito. Os requisitos indispensáveis para o verdadeiro culto são definidos como sendo realidade na vida íntima e sinceridade quanto ao propósito espiritual. Deus é Espírito (24). O original grego coloca a palavra "Espírito" primeiro, salientando desta maneira a natureza de Deus. Essencialmente, Deus é Espírito.
A mulher, cônscia da sublimidade das verdades reveladas por Jesus, se declara disposta a esperar pela revelação mais completa que o Messias há de trazer (25). Jesus, em momento dramático, se identifica como o Messias. Eu o sou, eu que falo contigo (26). Esta declaração é perfeitamente relevante ao diálogo com a samaritana, pois já chegou a hora do estabelecimento do Reino Messiânico. A nação judaica estava com a mente ofuscada até a hora decisiva da crise.
Os discípulos agora reaparecem e o diálogo é interrompido (27). A mulher, deslumbrada pela sua descoberta, apressa-se em chegar à vila, para participar a sua experiência com o povo de Sicar (28-29). Aquele que penetrou no íntimo do seu coração só pode ser o Cristo (29). A expressão de surpresa da parte dos discípulos, tanto como o abandono do cântaro pela mulher, são pormenores literários bem significativos. A mulher desperta o interesse dos seus concidadãos a tal ponto que consegue levá-los a Jesus.
Neste intervalo, os discípulos preparam alguma refeição com os alimentos comprados e convidam Jesus para comer (31). Jesus, ainda vibrando em espírito, em conseqüência do seu ministério abnegado à samaritana, responde aos discípulos que já tem uma comida da qual eles não tinham conhecimento (32). A linguagem de Jesus requer interpretação espiritual, entretanto, os discípulos a entendem literalmente (33).
Então, ele explica a renovação das suas energias através da obediência à vontade divina. Enquanto se aproximam os samaritanos, ele exorta os discípulos a que levantem os olhos para os campos. Há quatro meses para a ceifa (35). A frase sugere que o incidente ocorreu em meados de dezembro. Em contraste com o curso da natureza, a semente lançada no coração da samaritana já estava dando fruto. O ceifeiro espera pelo tempo exato indicado pelo curso da natureza, antes que se receba a justa recompensa. Em comparação, os discípulos já estão ceifando sem precisar esperar. O que semeia se regozija com o que colhe (36). O intervalo de tempo foi eliminado, e os discípulos já recebem os frutos do trabalho de Cristo, assim provando a veracidade do dito: um é o semeador, e outro é o ceifeiro (37), Desatarte os discípulos entram no trabalho de outros (38).
O clímax da narrativa é alcançado com a aceitação da fé por muitos samaritanos. O testemunho da mulher levou muitos a crer no Senhor Jesus (39). Eles insistem com Jesus para que fique com eles (40). Jesus permaneceu dois dias entre eles e muitos outros creram por intermédio do seu próprio ensino (41). A fé não é uma experiência que se adquire por ouvir o testemunho de outros; é a confiança vivificante que se baseia na palavra de Cristo. Os samaritanos o reconhecem como o Salvador do mundo (42). A frase não é uma interpretação posterior, colocada na boca dos samaritanos, mas o reconhecimento da forma em que Cristo, o Messias, lhes fora revelado.
O testemunho de Jesus aos samaritanos (Jo 4.4-42)
A seqüência do pensamento do escritor torna-se patente na história que se segue. Se a água purifica, ela também mata sede. A referência a Samaria é consoante com a mais ampla implicação da mensagem de Jesus. A missão de Jesus abrange os povos não semitas do mundo. Jesus vai agora ao Norte. Para evitar o desvio através da Pereia, é necessário seguir a estrada norte de Jerusalém à Galiléia, atravessando Samaria. Era-lhe necessário passar por Samaria (4). Nestas palavras se vê a urgência constrangedora de Jesus, para cumprir a sua missão.
Chegou pois a Sicar (5). Sicar é identificada usualmente com Askar, uma aldeota na vizinhança de Siquém, lugar onde existe o poço tradicional, ao pé do monte Ebal. É bem provável que este seja o lugar autêntico. Jesus, exausto da longa caminhada, senta-se sozinho à beira do poço. Seus discípulos foram à vila comprar comida (8). Por volta da sexta hora (6), isto é, perto de meio dia. João usa aqui o método judaico para calcular a hora. Note-se, entretanto, que no capítulo 19, ele usa o sistema romano. Jesus pede água à mulher samaritana, que acaba de chegar ao poço com seu vaso (7). A resposta da mulher é dada em forma de pergunta, e reflete surpresa e hesitação (9). Ela se impressiona com o fato de Jesus, sendo judeu, pedir-lhe água, e mostra hesitação, por causa da conhecida hostilidade entre judeus e samaritanos. Os judeus não se dão com os samaritanos (9); isto parece ser uma nota explicativa do evangelista. Havia, realmente, acerbo antagonismo entre judeus e samaritanos, desde o tempo da volta dos judeus do exílio, e a construção pelos samaritanos de um templo rival no monte Gerizim. Os samaritanos reivindicavam sua descendência das dez tribos e a posse duma pura religião, derivada da lei de Moisés.
Jesus, procurando despertar na mulher o senso de necessidade pessoal e interesse pelas coisas espirituais, fala-lhe de uma dádiva melhor do que aquela que Ele lhe tinha pedido. Ele desejava muito dar-lhe tal dádiva, caso a aceitasse voluntariamente. Trata-se da água viva (10). A mulher surpreende-se de que Ele é capaz de trazer água viva da fonte, onde Jacó tinha falhado no mesmo propósito (11-12). É assim que ela interpreta a "dádiva de água viva". A misteriosa alusão de Jesus à água da vida o conduz a anunciar a verdade que Ele mesmo mata a sede do homem para todo sempre. A água do poço de Jacó satisfaz apenas temporariamente, porém Ele pode dar a vida eterna que jorra na alma, satisfazendo cabalmente todos os desejos mais íntimos do homem (14).
A samaritana entende como "água viva" alguma coisa mágica, calculada a tornar a vida mais fácil e confortável. Assim ela pede: Senhor, dá-me dessa água (15). Jesus sabe que o único meio de despertar nela o senso de culpa é trazer à tona os seus pecados. Jesus pede-lhe que traga seu esposo (16). Na resposta, a samaritana revela-se um tanto embaraçada e evasiva. Jesus aproveita e resposta para confrontar-lhe com os seus pecados (17-18). A samaritana reconhece que está na presença de alguém cujo conhecimento não é apenas intuitivo, mas sobrenatural: Senhor, vejo que és profeta
Neste trecho, aparece a controvérsia a respeito da maneira de cultuar Deus. A mulher, provavelmente, queria desviar a atenção do "profeta" dos seus pecados secretos e por este motivo referese ao monte Gerizim, reabrindo o assunto debatido da validez do lugar como centro para culto de Deus (20). É bastante significante, a importância dada ao lugar de culto por uma alma cujos pecados são expostos. Há salvação em Jerusalém ou em Gerizim? Os motivos da samaritana em apresentar o problema parecem ser mistos. Jesus agora fala de um culto que não se limita a nenhum lugar (21). Jesus apresenta a fé judaica como superior, dizendo a salvação vem dos judeus (22), em contraste com a fé dos samaritanos, com seu culto ritualista destituído de valores espirituais. No vers. 23 Jesus define a verdadeira natureza do culto. O local é secundário; o que importa é a realidade espiritual. O advento messiânico dá um golpe mortal aos preconceitos raciais. O culto deve ser pessoal e espiritual, oferecido a Deus pela inspiração do Espírito. Os requisitos indispensáveis para o verdadeiro culto são definidos como sendo realidade na vida íntima e sinceridade quanto ao propósito espiritual. Deus é Espírito (24). O original grego coloca a palavra "Espírito" primeiro, salientando desta maneira a natureza de Deus. Essencialmente, Deus é Espírito.
A mulher, cônscia da sublimidade das verdades reveladas por Jesus, se declara disposta a esperar pela revelação mais completa que o Messias há de trazer (25). Jesus, em momento dramático, se identifica como o Messias. Eu o sou, eu que falo contigo (26). Esta declaração é perfeitamente relevante ao diálogo com a samaritana, pois já chegou a hora do estabelecimento do Reino Messiânico. A nação judaica estava com a mente ofuscada até a hora decisiva da crise.
Os discípulos agora reaparecem e o diálogo é interrompido (27). A mulher, deslumbrada pela sua descoberta, apressa-se em chegar à vila, para participar a sua experiência com o povo de Sicar (28-29). Aquele que penetrou no íntimo do seu coração só pode ser o Cristo (29). A expressão de surpresa da parte dos discípulos, tanto como o abandono do cântaro pela mulher, são pormenores literários bem significativos. A mulher desperta o interesse dos seus concidadãos a tal ponto que consegue levá-los a Jesus.
Neste intervalo, os discípulos preparam alguma refeição com os alimentos comprados e convidam Jesus para comer (31). Jesus, ainda vibrando em espírito, em conseqüência do seu ministério abnegado à samaritana, responde aos discípulos que já tem uma comida da qual eles não tinham conhecimento (32). A linguagem de Jesus requer interpretação espiritual, entretanto, os discípulos a entendem literalmente (33).
Então, ele explica a renovação das suas energias através da obediência à vontade divina. Enquanto se aproximam os samaritanos, ele exorta os discípulos a que levantem os olhos para os campos. Há quatro meses para a ceifa (35). A frase sugere que o incidente ocorreu em meados de dezembro. Em contraste com o curso da natureza, a semente lançada no coração da samaritana já estava dando fruto. O ceifeiro espera pelo tempo exato indicado pelo curso da natureza, antes que se receba a justa recompensa. Em comparação, os discípulos já estão ceifando sem precisar esperar. O que semeia se regozija com o que colhe (36). O intervalo de tempo foi eliminado, e os discípulos já recebem os frutos do trabalho de Cristo, assim provando a veracidade do dito: um é o semeador, e outro é o ceifeiro (37), Desatarte os discípulos entram no trabalho de outros (38).
O clímax da narrativa é alcançado com a aceitação da fé por muitos samaritanos. O testemunho da mulher levou muitos a crer no Senhor Jesus (39). Eles insistem com Jesus para que fique com eles (40). Jesus permaneceu dois dias entre eles e muitos outros creram por intermédio do seu próprio ensino (41). A fé não é uma experiência que se adquire por ouvir o testemunho de outros; é a confiança vivificante que se baseia na palavra de Cristo. Os samaritanos o reconhecem como o Salvador do mundo (42). A frase não é uma interpretação posterior, colocada na boca dos samaritanos, mas o reconhecimento da forma em que Cristo, o Messias, lhes fora revelado.